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La Vie en Chérie

Para os apaixonados por moda, cinema, livros e por uma vida doce e divertida

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Chérie, hoje apetecia-me ver... Intouchables

Continuando em maré de cinema francês, hoje trazemo-vos um dos filmes franceses de maior sucesso dos últimos anos: Intouchables ou Amigos Improváveis, de 2011. Na altura da sua estreia estive mesmo para o ir ver, mas acabou por não acontecer, e acabei por o "apanhar" na televisão. Quase 2h depois estava rendida a este grande filme.

Foi baseado numa história verídica, facto de que não estava a par antes de o ver, e que só descobri no seu final, quando mostraram os dois amigos que originaram este filme. Confesso que gostei bastante deste facto, pelo que o partilho convosco antecipadamente.

Intouchables.jpg

A história é relativamente simples, mas poderosa. Philippe (François Cluzet) é um aristocrata francês que, devido a um acidente, ficou tetraplégico, e que está à procura de alguém para cuidar dele. Driss (Omar Sy) é um jovem provindo de uma grande família, que vive em más condições e com um passado conturbado que se encontra à procura de emprego. Por um acaso, os dois conhecem-se e iniciam uma parceria, mais por desafio do que a sério, mas que se revela bastante frutífera para ambos. Philippe encontra em Driss um amigo e cuidador que o trata como um ser humano, e não como um deficiente, de igual para igual. Por sua vez, Driss descobre em Philippe uma fonte de cultura e conhecimento, assim como de uma vida com bastante melhor qualidade. Apesar de ser improvável, os dois constroem uma relação de forte amizade e companheirismo.

Intouchables - Amigos Improváveis.jpg

 

Confesso-vos que inicialmente achava que a história deste filme seria deveras cliché, apenas mais um daqueles filmes em que a amizade surge quando menos se espera, entre duas pessoas de meios sociais distintos. Mas, felizmente, não podia estar mais enganada.

Geralmente neste tipo de filmes, o tom é maioritariamente dramático, mas logo aí Intouchables troca-nos as voltas, e revela-se mais enquadrado numa comédia do que num drama. Ao longo da sua duração foram inúmeras as vezes em que me ri, em que voltei atrás para me voltar a rir, e em que até me vieram as lágrimas aos olhos de tanto rir. O tom leve e bem humorado com que Intouchables aborda assuntos mais complicados na vivência de uma deficiência tão grave como a de Phillipe, é uma das características que o tornam mais inovador. Mostrar que as pessoas são, acima de qualquer problema, doença ou deficiência, pessoas. Seres humanos. Seres com direito a respeito e dignidade, e a rirem-se dos outros e de si próprios. Esta abordagem a este tema é possível pela naturalidade com que Driss lida com a situação de Philippe, mas também pela capacidade de aceitação e preserverança com que este gere a sua vida.

A história de como Philippe e Driss se conheceram é contada em flashback, sendo que o início nos permite perceber logo como é invulgar a amizade destes dois. Sinceramente, acho que o filme também podia ter tido um curso linear, mas não desgostei desta abordagem. Obviamente que o filme também tem muitos momentos dramáticos e até filosóficos, que nos permitem questionar o que faríamos nós nas situações quer de Driss, quer de Philippe, mas também aqui o tom nunca é lamechas.

Se a perspectiva da amizade de um aristocrata com um rapaz de um bairro social pode parecer irrealista, a verdade é que este filme me pareceu um dos mais verdadeiros e reais que tenho visto ultimamente. Aquelas personagens, as suas histórias e vivências pareciam familiares, e talvez tenha sido essa perspectiva mais próxima e humana que este filme oferece que explicam (a par do seu humor) a tão boa classificação e aderência que teve.

A nível mais técnico, a fotografia do filme está óptima, e a banda sonora deste oscila entre música clássica (Phillipe) e soul (Driss), numa combinação que, tal como a destes dois amigos, é também bem-sucedida. E o que dizer dos dois actores principais? Suportados por um óptimo elenco secundário, François Cluzet e Omar Sy brilham em cada cena, e demonstram uma química extraordinária.

Intouchables foi nomeado a um Globo de Ouro e a 8 Césares, sendo que venceu o de Melhor Actor para Omar Sy, que levou a melhor sobre o seu colega de elenco, François Cluzet,  e sobre Jean Dujardin, que nesse ano venceria o seu Óscar. Recheado de cenas incríveis, com óptimas interpretações (Omar Sy conquistou-me completamente!), é um filme que, apesar de ter visto há pouco tempo, já estou cheia de vontade de rever.

 

Classificação: 9/10

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