Chérie, hoje apetecia-me ver... Inside Out
Há quase um ano iniciámos aqui no blog a rubrica "Quero Tanto Ver", precisamente com o filme Inside Out. Volvido todo este tempo, venho finalmente partilhar convosco a minha opinião acerca daquele que foi um dos filmes que me deixou com mais expectativas, assim que soube da sua existência.
Estreado este ano no mês de Junho, este é o 15º filme da Pixar, sendo ainda produzido pela Disney, e é já considerado o principal favorito na categoria dos Óscares de Melhor Filme de Animação do próximo ano. Em Portugal, o seu título foi traduzido para "Divertida-Mente", e embora este não tenha nada a ver com o original, constitui uma boa versão do mesmo.
Este é provavelmente um dos filmes de animação mais originais que já tive oportunidade de ver. A acção decorre maioritariamente dentro da mente de uma menina, Riley, o que só por si já mostra a criatividade deste filme. Na zona sede da mesma vivem cinco emoções: a Alegria (Amy Poehler), a Tristeza (Phyllis Smith), a Repulsa (Mindy Kaling), o Medo (Bill Hader) e Raiva (Lewis Black). Cada uma destas emoções tem vida própria, e é responsável por diferentes aspectos e memórias de Riley. Apesar de terem personalidades muito diferentes, os cinco vivem em harmonia, trabalhando acima de tudo para o bem-estar de Riley.
Mas um acontecimento vem mudar todo ambiente: a família muda de cidade. Esta modificação vai desencadear problemas na adaptação das emoções a esta nova situação, o que por sua vez vai ter impactos na vida de Riley. E como se tudo isto não bastasse, a Tristeza, aquela emoção que nenhuma das outras quatro entende, desencadeia uma série de acontecimentos que põem em causa a personalidade da jovem. A Alegria, que é a emoção dominante de Riley, vê-se envolvida nesta situação, e juntas, apesar de antónimas, terão de aprender a trabalhar juntas pelo bem de Riley.
Quando descobri este filme ele captou imediatamente a minha atenção. É um filme da Pixar, o que só por si já diz muito, tem vários actores de quem gosto, e tem um tema interessantíssimo que nunca vi abordado num filme "para crianças". Mas apesar disto fiquei com algumas reservas, pois tinha receio de que a abordagem a este assunto pudesse não correr muito bem. Quando começaram a emergir as primeiras críticas pude, finalmente, deixar crescer as minhas expectativas, uma vez que todos concordavam quanto à grande qualidade do filme.
O filme tem um assunto mais sério do que habitual neste género, mas assim que começamos a ver o filme, percebemos logo que dificilmente nos vamos desiludir. No primeiro terço decorre a explicação do funcionamento da mente de Riley e das suas emoções. A explicação é simples e imaginativa, tendo obviamente uma base realista, uma vez que o filme contou com a participação de vários psicólogos para que a história fosse credível e fidedigna.
Sendo a Alegria a principal emoção, a verdade é que a Tristeza que vai imperando aos poucos na acção, assumindo um papel principal, que nos faz rever a importância desta emoção nas nossas vidas. A meu ver, isto será particularmente importante para as crianças, uma vez que lhes é quase "exigido" que estejam permanentemente felizes, quando o que sentem nem sempre corresponde a essa alegria. As outras emoções, apesar de mais secundárias, são também bastante bem trabalhadas, fornecendo principalmente momentos cómicos, mas complementando a dualidade Alegria/Tristeza. Ao contrário da maioria dos filmes de animação (não creio que isto seja um spoiler, mas se quiserem saltem para o parágrafo seguinte), neste não existe um vilão, o que é também bastante original.
O tom do filme é leve e bem humorado, com vários momentos divertidos, sendo que existe um que é particularmente bom, sendo que levou a rir, literalmente, às lágrimas. Existem também vários momentos tristes, sendo que um deles conseguiu partir-me um pouquinho o coração. Realço ainda os momentos enternecedores, aqueles que nos aquecem a alma, conseguidos principalmente através da relação de Riley com os pais.
Um óptimo filme para miúdos e graúdos, com o selo de qualidade da Disney e da Pixar, e que marca mais uma vez o género dos filmes de animação pela sua enorme criatividade. Penso que é o que se pode chamar um filme inteligente, e muito bem conseguido. Reúnam a família e/ou os amigos e embarquem nesta aventura de 1h30m pelos meandros do mundo desconhecido da mente humana!
Classificação: 8/10