Séries da minha vida #30 About a Boy
No mês passado andava à procura de uma comédia para me distrair, uma vez que na altura ainda nenhuma das que costumo acompanhar tinha começado. Deparei-me com About a Boy ou Era uma vez um Rapaz, e pensei "Não é tarde, nem é cedo, é mesmo esta que vou ver". Estreada em Fevereiro do ano passado foi (infelizmente) cancelada ao fim de duas temporadas, tendo sido transmitida pela NBC. Com 33 episódios de cerca de 20 minutos, é baseada na obra com o mesmo título de Nick Hornby, publicada em 1998, e que também já tinha sido adaptada ao cinema.
Nunca tive oportunidade de ler o livro, mas já vi algumas vezes o dito filme de 2002, que de certeza que conhecem, uma vez que conta com Hugh Grant, Nicholas Hoult e Toni Collette nos papéis principais. Neste caso são David Walton, Benjamin Stockham e Minnie Driver a interpretar estes mesmos papéis, respectivamente.
A premissa é deveras simples: Fiona Bowa (Minnie Driver) e o seu filho Marcus (Benjamin Stockham) mudam-se para a casa imediatamente ao lado da de Will Freeman (David Walton) que, como o próprio nome indica, é um homem solteiro e livre, que vive a sua vida sem preocupações, a não ser divertir-se, nem precisando de trabalhar, porque há vários anos foi responsável pela letra de uma famosa canção de Natal, que lhe rende dinheiro até hoje.
Estes vizinhos não podiam ser mais diferentes: Fiona e o seu filho são uma espécie de hippies do século XXI, vegans, budistas, e adeptos de expressar os seus sentimentos através das formas mais originais, mantendo uma relação de grande cumplicidade (a roçar a de Norma e Norman Bates, de acordo com Will), e que apesar de serem frequentemente alvo de piadas devido ao seu estilo de vida, se mantêm persistentemente fiéis a si próprios.
Apesar de ter uma personalidade naturalmente feliz, Marcus sente falta de algo na sua vida: um amigo (sem ser a mãe, ele não tem mais ninguém). É então que por um acaso do destino, ele entra na vida de Will, e imediatamente se apega a este homem-criança que, por muito que goste de ter comportamentos adultos, como ir a festas, beber ou namorar, é tão irresponsável e imaturo como uma criança.
Por muito diferentes que sejam, Will e Marcus acabam por construir uma amizade benéfica para ambos, e que os ajuda a ambos a crescer e a aceitar as diferenças nos outros. Juntamente com Fiona acabam por construir uma espécie de família excêntrica e deveras peculiar. Além deste núcleo, os personagens mais recorrentes são Andy (Al Madrigal), o melhor amigo de Will, e a sua controladora mulher Laurie (Annie Mumolo), que são pais de três crianças. Andy é mais maduro do que Will, mas por vezes inveja a sua liberdade.
Que posso eu dizer acerca desta série, a não ser que a adorei?
Muito bem escrita, com imensas cenas de morrer à gargalhada em praticamente todos os episódios, e que dão vontade de repetir uma e outra vez, About a Boy conquistou-me pela sua simplicidade e pelas cenas de genuína empatia, amizade e amor entre os seus personagens. É o que se pode chamar uma série heart warming, que me deixou sempre feliz e divertida ao vê-la, isto sem se tornar lamechas, nem aborrecida, e acima de tudo com vontade de ver mais.
Comparativamente com o filme, a série é bastante mais light e divertida, sendo que o facto de ser mais longa lhe permite obviamente desenvolver mais os personagens. Assim, gostei mais destas versões do trio principal, em que Will e Fiona são bastante menos melancólicos e depressivos, e Marcus é verdadeiramente adorável. O primeiro episódio presta homenagem a vários momentos do filme, mas é também o mais aborrecido. A vantagem é que a partir daí é sempre a melhorar, sendo que a segunda temporada consegue manter a boa qualidade da primeira.
Não sendo a série mais original e impactante que tenha tido oportunidade de ver, é sem dúvida uma das melhores comédias que acompanhei pela sua consistência, qualidade de actores e de argumentos, e acima de tudo pelos muitos bons momentos.
Vou ter muuuuuuuuuuuitas saudades, e tenho imensa pena que uma série tão boa tenha sido cancelada (aquele fim!), enquanto que produtos de muito pior qualidade continuam a ser infinitamente renovados. Enfim...
Classificação: 8/10