Chérie, hoje apetece-me ver... Aniki Bobó
Em jeito de homenagem a Manoel de Oliveira, decidimos fazer-vos a crítica da sua primeira longa metragem de ficção – Aniki Bóbó.
Este filme de 1942 tem o seu argumento baseado no conto de João Rodrigues de Freitas – Os Meninos Milionários.
O filme procura contar as aventuras de vários rapazes de um estrato social baixo, habitantes da zona ribeirinha do Porto. O tempo é de fascismo e opressão, remontando ao regime de Salazar, em plena Segunda Guerra Mundial. O espaço reporta à zona ribeirinha do Porto, onde estas crianças atingem o expoente máximo da sua felicidade.
A história reflecte um triângulo amoroso, entre Teresinha, Carlitos e Eduardo. Carlitos é, por definição, a personagem favorita, aquela de quem mais gostamos, um rapaz alto, sereno, vizinho e apaixonado por Teresinha. O seu melhor amigo é Batatinhas, um rapazito baixote e irrequieto, que nos proporciona momentos hilariantes durante todo o filme. Quanto a Eduardo, é o suposto namorado de Teresinha, exibicionista e sempre a fazer a vida negra a Carlitos, seu rival. De modo a expressar a sua paixão por Teresinha, o herói da história rouba uma boneca que sabe que ela quer, e a história desenrola-se a partir daí. Se contar mais, vou estar a ser spoiler, a acreditem, são 102min muito bem passados.
Manoel de Oliveira procura demonstrar a probreza vivida por estas crianças, mas ainda assim a liberdade que almejam e alcançam. Encontram-se, porém, rodeados de opressão e um regime rígido e autoritário, personificado no polícia e no professor.
Aniki Bóbó realça «a paixão de um tímido rapaz por uma rapariga da sua escola, paixão que o fará ultrapassar os limites ensinados pelo mundo adulto (ao roubar uma boneca e viver com a culpa do seu gesto)»
Ficam aqui com um excerto do filme, incluindo a música cantada – Aniki Bebé, Aniki Bóbó, passarinho tótó, berimbau, cavaquinho...
Classificação: 8/10