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La Vie en Chérie

Para os apaixonados por moda, cinema, livros e por uma vida doce e divertida

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Chérie, hoje apetecia-me ver... The Artist

O Artista, título pelo qual o filme The Artist é conhecido em Portugal, foi o grande vencedor da 84ª edição dos Óscares realizada em 2012. Arrecadou os prémios de Melhor Filme, Melhor Realizador (Michel Hazanavicius), Melhor Actor Principal (Jean Dujardin, o primeiro actor francês a receber este prémio), Melhor Banda Sonora e Melhor Guarda Roupa, tendo ainda sido nomeado noutras cinco categorias. Foi também o vencedor de seis Césares, tornando-se o filme francês mais galardoado de sempre, e o segundo filme mudo a receber o Óscar de Melhor Filme (o primeiro data de 1929).

Por todas estas razões e mais algumas, era para mim obrigatório ver este filme. Quase cinco anos depois da sua estreia, finalmente tive essa oportunidade.

The Artist.jpg

 

Recuemos até 1927. O cinema mudo ainda impera em Hollywood, e George Valentin (Jean Dujardin) é uma das grandes estrelas da época. Numa estreia de um dos seus filmes, Valentin conhece acidentalmente Peppy Miller (Bérénice Bejo), uma aspirante a actriz, acabando por a ajudar a começar a trabalhar na indústria. Alguns anos depois, Al Zimmer (John Goodman), o chefe do estúdio no qual Valentin trabalha, decide terminar a produção de filmes mudos, e fazer unicamente cinema sonoro. Valentin acaba por não se conseguir adaptar a este novo mundo, e enquanto ele cai no esquecimento, Peppy torna-se a nova estrela do cinema.  

Este filme apresenta características que o distinguem dos seus contemporâneos, e que o remetem para a época em que a história se passa. O filme é a preto e branco, e é "quase" um filme mudo. E digo quase, porque embora não haja diálogo, o som não é completamente inexistente, uma vez que o filme tem uma belíssima banda sonora, e existem algumas cenas em que há efectivamente som. O diálogo entre as personagens é quase inteiramente feito a partir da representação do elenco, e cabe ao espectador perceber pelas suas expressões o que os personagens falam entre si. Por vezes existem linhas de diálogo que aparecem em texto no ecran, à semelhança do que acontecia nos filmes mudos.

A atenção a estes pormenores, e a fidelidade com que a época é recriada, até nas técnicas utilizadas na criação deste filme, reflectem o interesse do realizador em criar não só um filme mudo, mas também em prestar uma homenagem a esta era do cinema.

The Artist - O Artista.jpg

Ao vermos este filme, é quase impossível não tecer comparações com outro grande filme que abordou esta época: Singin' in the Rain. São filmes inteiramente diferentes, com propósitos diferentes e abordagens também elas distintas. Serenata à Chuva é um musical, a cores, e tem um tom bastante mais leve do que O Artista, que envereda por uma história mais dramática e de certa forma, mais realista do que foi a transição abrupta, e tudo menos pacífica do cinema mudo para o cinema sonora. Foi uma época de grande dificuldade para os actores que trabalhavam na indústria, sendo o personagem de Jean Dujardin baseado nas histórias de vida de dois famosos actores que sofreram essa mudança. Aproveito para dizer que Jean Dujardin me conquistou desde o primeiro instante com um charme irresistível e numa personagem carismática e bastante mais interessante do que esperava.

Em termos de história a linha principal não fugiu àquilo que esperava, mas ainda assim gostei bastante, pois conseguiu conciliar habilmente momentos divertidos com outros bem mais dramáticos. Não esperem um filme arrebatador ou que vá mudar as vossas vidas, mas que certamente vos vai entreter, contar uma história interessante e bem-humorada e transportar para outra época. E não é para isso mesmo que o cinema serve?

 

Classificação: 8/10 

Chérie, hoje apetecia-me ver... Intouchables

Continuando em maré de cinema francês, hoje trazemo-vos um dos filmes franceses de maior sucesso dos últimos anos: Intouchables ou Amigos Improváveis, de 2011. Na altura da sua estreia estive mesmo para o ir ver, mas acabou por não acontecer, e acabei por o "apanhar" na televisão. Quase 2h depois estava rendida a este grande filme.

Foi baseado numa história verídica, facto de que não estava a par antes de o ver, e que só descobri no seu final, quando mostraram os dois amigos que originaram este filme. Confesso que gostei bastante deste facto, pelo que o partilho convosco antecipadamente.

Intouchables.jpg

A história é relativamente simples, mas poderosa. Philippe (François Cluzet) é um aristocrata francês que, devido a um acidente, ficou tetraplégico, e que está à procura de alguém para cuidar dele. Driss (Omar Sy) é um jovem provindo de uma grande família, que vive em más condições e com um passado conturbado que se encontra à procura de emprego. Por um acaso, os dois conhecem-se e iniciam uma parceria, mais por desafio do que a sério, mas que se revela bastante frutífera para ambos. Philippe encontra em Driss um amigo e cuidador que o trata como um ser humano, e não como um deficiente, de igual para igual. Por sua vez, Driss descobre em Philippe uma fonte de cultura e conhecimento, assim como de uma vida com bastante melhor qualidade. Apesar de ser improvável, os dois constroem uma relação de forte amizade e companheirismo.

Intouchables - Amigos Improváveis.jpg

 

Confesso-vos que inicialmente achava que a história deste filme seria deveras cliché, apenas mais um daqueles filmes em que a amizade surge quando menos se espera, entre duas pessoas de meios sociais distintos. Mas, felizmente, não podia estar mais enganada.

Geralmente neste tipo de filmes, o tom é maioritariamente dramático, mas logo aí Intouchables troca-nos as voltas, e revela-se mais enquadrado numa comédia do que num drama. Ao longo da sua duração foram inúmeras as vezes em que me ri, em que voltei atrás para me voltar a rir, e em que até me vieram as lágrimas aos olhos de tanto rir. O tom leve e bem humorado com que Intouchables aborda assuntos mais complicados na vivência de uma deficiência tão grave como a de Phillipe, é uma das características que o tornam mais inovador. Mostrar que as pessoas são, acima de qualquer problema, doença ou deficiência, pessoas. Seres humanos. Seres com direito a respeito e dignidade, e a rirem-se dos outros e de si próprios. Esta abordagem a este tema é possível pela naturalidade com que Driss lida com a situação de Philippe, mas também pela capacidade de aceitação e preserverança com que este gere a sua vida.

A história de como Philippe e Driss se conheceram é contada em flashback, sendo que o início nos permite perceber logo como é invulgar a amizade destes dois. Sinceramente, acho que o filme também podia ter tido um curso linear, mas não desgostei desta abordagem. Obviamente que o filme também tem muitos momentos dramáticos e até filosóficos, que nos permitem questionar o que faríamos nós nas situações quer de Driss, quer de Philippe, mas também aqui o tom nunca é lamechas.

Se a perspectiva da amizade de um aristocrata com um rapaz de um bairro social pode parecer irrealista, a verdade é que este filme me pareceu um dos mais verdadeiros e reais que tenho visto ultimamente. Aquelas personagens, as suas histórias e vivências pareciam familiares, e talvez tenha sido essa perspectiva mais próxima e humana que este filme oferece que explicam (a par do seu humor) a tão boa classificação e aderência que teve.

A nível mais técnico, a fotografia do filme está óptima, e a banda sonora deste oscila entre música clássica (Phillipe) e soul (Driss), numa combinação que, tal como a destes dois amigos, é também bem-sucedida. E o que dizer dos dois actores principais? Suportados por um óptimo elenco secundário, François Cluzet e Omar Sy brilham em cada cena, e demonstram uma química extraordinária.

Intouchables foi nomeado a um Globo de Ouro e a 8 Césares, sendo que venceu o de Melhor Actor para Omar Sy, que levou a melhor sobre o seu colega de elenco, François Cluzet,  e sobre Jean Dujardin, que nesse ano venceria o seu Óscar. Recheado de cenas incríveis, com óptimas interpretações (Omar Sy conquistou-me completamente!), é um filme que, apesar de ter visto há pouco tempo, já estou cheia de vontade de rever.

 

Classificação: 9/10

Chérie, hoje quero ir... ver cinema francês!

Ultimamente temos falado um pouquinho de cinema francês aqui pelo nosso blog, embora maioritariamente continue a ser o cinema americano, e por vezes o inglês, a terem grande destaque. Mas se, tal como nós, gostam de cinema francês, então a nossa sugestão é o programa pelo qual estavam à espera.

Desde o passado dia 8 deste mês que está a decorrer a 16ª Festa do Cinema Francês, a qual decorre até 29 de Novembro por várias cidades do nosso país. Cada uma delas tem uma programação diferente, e decorre em dias diferentes, pelo que se moram numa destas cidades: Aveiro, Beja, Caldas da Rainha, Coimbra, Évora, Faro, Guimarães, Leiria, Porto, Santarém, S.Pedro do Sul, Seixal, Setúbal, Viana do Castelo; ou nas proximidades e gostam de cinema, então basta consultarem a página oficial para consultarem a programação, e escolherem o filme (ou filmes!) que querem ver.

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Em LisboaAlmada esta festa termina hoje, com vários filmes a serem exibidos, com sessões desde as 11h até às 21h. Em Lisboa todos os filmes de hoje serão no Cinema São Jorge, e em Almada serão no Forúm Romeu Correia. Assim têm:

 

16.00h - Pourquoi j'ai pas mangé mon Père (Lisboa)

16.00h - Phantom Boy (Almada)

19.00h - L' Enquête (Lisboa)

19.30h - Maestro (Lisboa)

21.00h - Marguerite (Lisboa)

21.00h - Spartacus et Cassandra (Almada)

 

Cada sessão custa 3.50€ em Lisboa, e 2.50€ em Almada, mas em ambas as cidades existem vários descontos disponíveis, bastando consultar a página de cada uma (ver acima).

 

Est-ce que vous allez au cinéma?

Neste Dia... 30 de Setembro

Hoje voltamos a ter uma actriz francesa aqui no La Vie en Chérie. A aniversariante de hoje é Marion Cotillard, que celebra 40 anos, tendo nascido em 1975 em Paris. Joyeux Anniversaire!

Marion conquistou sucesso mundial depois de interpretar a grande diva francesa Édith Piaf no filme de 2007 La Môme ou La Vie en Rose, pelo qual recebeu o Óscar, o Globo de Ouro, o BAFTA e o César de Melhor Actriz.

Mas sua carreira já vinha de muito antes. Nascida numa família também ela do meio artístico, Marion começou cedo a participar em peças de teatro, na televisão e no cinema franceses. O seu primeiro grande trabalho foi no filme francês Taxi (1998), pelo qual foi nomeada ao seu primeiro César. Em 2003 entrou no seu primeiro filme mais reconhecido internacionalmente: Big Fish (2003) de Tim Burton. Em 2004 venceu o seu primeiro César pelo filme Un Long Dimanche de Fiançailles, ao lado de Audrey Tautou.

Marion Cotillard.jpg

 

Com uma longa carreira no cinema francês e europeu, esta actriz tem também conseguido criar uma carreira internacional, especialmente depois da sua vitória nos Óscares. Tem participado em grandes filmes como Public Enemies (2009), Inception (2010), Midnight in Paris (2011), The Dark Knight Rises (2012) ou The Immigrant (2013), mas não descurando os filmes europeus, sendo que foi precisamente por Deux Jours, Une Nuit (2014) que voltou a ser nomeada aos Óscares. Este ano são vários os filmes em que participa, mas o mais importante talvez seja Macbeth.

Cotillard tem ainda uma carreira na música, e tem também trabalhado em várias causas sociais e ambientalistas, nomeadamente com a Greenpeace. Encontra-se desde 2007 numa relação com o actor francês Guillaume Canet, com quem tem um filho, nascido em 2011.

Chérie, hoje apetecia-me ver... A Gaiola Dourada

Estreado em pleno Verão de 2013, A Gaiola Dourada foi o filme mais visto desse ano em Portugal, sendo um sucesso não só nas bilheteiras, mas também junto da crítica. Tendo como título original La Cage Dorée, foi realizado por Ruben Alves, que foi também um dos argumentistas. Este filme francês distinguiu-se por ter um elenco com vários actores portugueses consagrados e queridos do público.

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Rita Blanco e Joaquim de Almeida dão vida aos protagonistas deste filme, Maria e José Ribeiro, um casal português que emigrou há mais de 30 anos para França, e que tem dois filhos, Paula e Pedro. Acarinhado pelos seus familiares e amigos que também emigraram, bem como pelos próprios franceses para/com os quais trabalha, este casal é conhecido pela sua honestidade e por trabalharem com afinco, estando disponíveis para ajudar os que os rodeiam a horas e fora de horas. 

Contudo, a sua vida está prestes a mudar, quando José recebe uma herança generosa que permitirá à sua família o tão desejado regresso "à terra", a Portugal. Aquilo com que estes dois não contavam é que os seus conhecidos se reunissem para transformar as suas vidas num mar de rosas, tentando convencê-los a ficar na França. Será que a família Ribeiro se manterá firme na sua decisão, ou preferirá ficar nesta "gaiola dourada"?

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Esta agradável comédia de 90 minutos conquista-nos facilmente pela simplicidade e realismo com que caracteriza os portugueses. José e Maria, além de serem os protagonistas são o exemplo de um bom casal português: altamente trabalhadores, sempre prontos a ajudar, mas também conformados e até um pouco desiludidos com a vida que levam, e que tem a saudade do seu país estampada no rosto. A história destes dois foi sem dúvida a minha favorita do filme, sendo também, na minha opinião, a mais bem conseguida.

As histórias atribuídas aos filhos Ribeiro pecaram pela falta de originalidade, especialmente a da filha Paula, que constitui o foco romântico do filme, mas que a mim não me conquistou.  A nível cómico, foram vários os momentos em que este filme me fez rir à gargalhada, especialmente ao caricaturar certos hábitos portugueses e franceses. Maria Vieira e Chantal Lauby, empregada e patroa, uma portuguesa, a outra francesa, foram as actrizes que roubaram todas as atenções sempre que estavam em cena, e que ofereceram a maioria dos momentos cómicos do filme.

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Um filme leve, bem construído e bem contado, com algumas reviravoltas interessantes, cheio de humor, e que nos oferece uma visão de nós mesmos com um toque francês. É impossível não nos pormos no lugar de cada um dos elementos da família Ribeiro, bem como dos seus conhecidos, e tentarmos imaginar o que faríamos na sua situação.

Quando quiserem um bom filme para um sábado ou domingo à tarde, reúnam a família e deixem-se prender por esta gaiola dourada!

 

Classificação: 7/10

Neste Dia... 9 de Agosto

Hoje é o aniversário da actriz francesa que interpretou uma das personagens mais inesquecíveis, adoráveis e excêntricas da história do cinema. Falar de Audrey Tautou é falar de Amélie Poulain, uma e outra são indissociáveis. Muito embora o filme já tenha estreado em 2001, continua este papel continua a ser o de maior sucesso da actriz, além de ser o favorito de muitos dos apreciadores da 7ª arte. (Je m'accuse!)

Tautou, nascida em 1976, e que completa hoje 39 anos, estreou-se em grande no cinema: em 1999 foi uma das protagonistas da comédia francesa Vénus Beauté (Institut), que venceu 4 Césares, incluindo o de Melhor Filme e o de Actriz Mais Promissora para Audrey. Seguiram-se outros filmes, mas foi com Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain que ganhou reconhecimento internacional, sendo nomeada ao César de Melhor Actriz, assim como ao BAFTA, e recebendo o filme 5 nomeações aos Óscares.

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Seguiram-se outros filmes europeus como He Loves Me, He Loves Me Not (2002), Dirty Pretty Things (2002) ou Pas Sur La Bouche (2003). No ano seguinte tem de novo um grande sucesso, sendo nomeada a mais um César, ao interpretar a protagonista de Un Long Dimanche de Fiançailles, o qual seria nomeado a 2 Óscares. Em 2006 participa no seu primeiro grande filme de Hollywood, ao lado de Tom Hanks, em The Da Vinci Code. Depois de algumas comédias românticas, Audrey dá vida a uma das maiores francesas de todos os tempos, Coco Chanel, em Coco Avant Chanel, pelo qual recebe outra nomeação ao César e ao BAFTA de Melhor Actriz.

Desde então a eterna Amélie tem participado em muitos outros filmes do seu país, celebrizando-se ainda na sua carreira como modelo ao substituir Nicole Kidman como a cara do perfume mais conhecido do mundo, Chanel No. 5.