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La Vie en Chérie

Para os apaixonados por moda, cinema, livros e por uma vida doce e divertida

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Chérie, hoje apetecia-me ver... The Exorcist

Continuando o roteiro pelos clássicos do terror, esta foi a vez do The Exorcist. Realizado em 1973 por William Friedkin, é por muitos considerado o melhor filme de terror alguma vez produzido.  

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Em 1974 ganhou o óscar de melhor argumento adaptado, a partir de um livro de William Peter Blatty, por sua vez baseado num exorcismo de um jovem de 14 anos documentado em 1949.

O filme começa numa escavação arqueológica no Iraque, onde o arqueólogo e padre Lankester Merrin (Max Von Sydow) encontra uma estranha estátua, que reconhece ser uma representação do demónio pazuzu.

A par com esta história, outras duas se interlaçam: um padre de Georgetown, Damien Karras (Jason Miller), começa a questionar a sua fé e uma actriz, Chris MacNeil (Ellen Burstyn) começa a notar severas mudanças na sua filha de 12 anos.

Regan (Linda Blair), a filha de Chris, começa a demonstrar convulsões, mudanças comportamentais e certos poderes sobrenaturais como a levitação. Inicialmente a mãe leva Regan ao médico, que julga que esta tem uma lesão cerebral. Após vários testes, apercebem-se de que a jovem se encontra sob possessão demoníaca, extremamente notória quando grita blasfémias em voz masculina. Esgotados todos os recursos médicos, Chris começa a considerar o exorcismo, consultando, para tal, o padre Damien Karras. Apesar de todas as dúvidas, este decide pedir permissão à Igreja para conduzir o exorcismo. No entanto, é enviado o padre Merrin, especialista em casos de possessão demoníaca.

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O filme ganhou ainda o Óscar de Melhor Som e teve duas sequelas, porém, de inferior qualidade. Este não é um filme como os demais do género, este é o clássico que trouxe todos os outros que lhe sucederam. Foi aquele que revolucionou a indústria cinematográfica de terror, utilizando uma inocente criança como objecto de possessão. E na minha opinião é isso que o torna tão fantástico e não me arrepiou ou aterrorizou. Outro grande ponto forte é o desempenho da jovem Linda Blair, assim como a sua maquilhagem.

 

Se gostam de clássicos do terror então este é um must see!

 

Classificação: 8/10

 

Já viram? Gostaram?

Chérie, hoje apetecia-me ver... A Clockwork Orange

Esta semana vi mais um filme do controverso realizador Stanley Kubrick – A Clockwork Orange – ou Laranja Mecânica como foi apelidado por terras Portuguesas. 

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Datando de 1971, este drama foi adaptado do romance homónimo de Anthony Burgess. Por muitos considerado como um filme à frente do seu tempo e de certo modo revolucionário, aborda temas como a delinquência, o sexo, a violência e muitos outros. 

Situado temporalmente numa Inglaterra futurista, encontramos Alex DeLarge (Malcom McDowell), um sociopata que lidera um grupo de delinquentes (Pete, Georgie e Dim), que ele apelida de drugues (palavra russa para camarada), cujos maiores interesses residem em violações e violência desmedida.

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A dada altura, os drugues colocam a liderança de Alex em causa, fazendo com que o mesmo seja detido e condenado a 14 anos de prisão. No entanto, após dois anos preso, Alex descobre um tratamento pioneiro capaz de reabilitar criminosos em duas semanas. O tratamento passa por drogar a pessoa, obrigando-a a assistir a imagens de extrema violência, tornando esta uma das cenas mais icónicas do cinema.

O filme relata então os crimes dos delinquentes, a captura de Alex e a sua tentativa de recuperação, não vou adiantar pormenores, mas a história não é complexa.

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Alex é uma personagem bastante intrigante, com gostos díspares – música clássica e violência – que Kubrick faz questão de explorar em profundidade. O protagonista é também o narrador da história, fazendo-o maioritariamente em Nadsat (segundo a minha pesquisa é uma gíria fictícia composta por russo, inglês e cockney).

Esta obra de Kubrick não foge à opinião formada acerca do realizador – ou se ama ou se odeia. Eu pessoalmente não odeio, gostei muito do The Shining, mais do que deste até. De certa forma, há algo na sua realização que me cativa, talvez a forma como aborda o mundo e os seus problemas, neste caso a violência e a decadência dos jovens.

Nomeado a quatro óscares, é classificado com 8.4 no IMDb.

 

Classificação: 7/10

 

Já viram? Gostaram? Gostam do realizador? 

Chérie, hoje apetecia-me ver... The Shining

Lembram-se de ter dito que queria ver os clássicos do terror? Bem, a saga continua e desta vez o escolhido foi The Shining.  

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Baseado no romance de Stephen King, o filme foi realizado em 1980 por Stanley Kubrick, tornando-se um dos must see do terror psicológico.

O filme conta a história de Jack Torrance (Jack Nicholson), um escritor desempregado, que aceita um emprego como janitor de um hotel que se encontra fechado – o Overlook Hotel. O protagonista muda-se então para o hotel, com a sua esposa Wendy (Shelley Duvall) e o filho Danny (Danny Lloyd). No entanto, nem tudo é um conto de fadas e o gerente avisa que o janitor anterior desenvolveu uma doença que o levou a matar toda a sua família à machadada, suicidando-se no fim. A somar a isto, Danny tem visões acerca do passado e do futuro, que lhe revelam que algo assombra aquele local.

Nova Imagem.jpgA acção desenvolve-se e Jack começa a perder a sua saniedade, chegando a perseguir a sua família pelo hotel, com o intuito de os matar, tal como o janitor anterior havia feito. É durante esta perseguição que fica celebrizada uma das mais icónicas frases do cinema:

“Here’s Johnny!”

 Extremamente bem realizado, este não é o filme que nos assusta através de espíritos ou imagens decrépitas. É sim, uma obra de terror psicológico, em que o realizador entra, de certo modo, no intelecto do espectador, manipulando as suas reacções, controlando os momentos de medo e de suspense. Não somos surpreendidos quando involuntariamente esperamos, mas sim no minuto seguinte em que já baixámos a guarda, em que somos vulneráveis.

Com cerca de duas horas e meia, a acção apenas atinge o seu auge na última hora e meia. Porém, a primeira hora não é desnecessária, sendo o seu objectivo dar a entender ao espectador tudo aquilo que será necessário para os acontecimentos subsequentes.

 

Classificação: 8/10  

 

P.S – a partir do dia de hoje não suporto ver gémeas em vestido iguais. It creeps me out!




Livraria chérie #11 - Orgulho e Preconceito

Devo, antes de mais, confessar que li este livro totalmente desprovida de conhecimento face à sua narrativa. Nunca vi o filme, não conhecia a história, sabia apenas que se tratava de um romance, o que a início não se revelou um facto muito apelativo para mim. Este estilo literário não faz de todo as minhas delícias. No entanto, estaria para chegar o livro que mudaria essa minha vincada opinião – Orgulho e Preconceito.

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Escrito por Jane Austen e publicado pela primeira vez em 1813, este romance britânico procura dar a conhecer a história de Elizabeth Bennet e de toda o seu ambiente social e cultural. Temas como a educação, o casamento, a cultura, a moral, o orgulho e a classe social tornam-se recorrentes e representativos da aristocracia britânica do século XIX.

Nas primeiras páginas é-nos apresentada a família Bennet, sendo o patriarca um homem distante e com pouco poder económico. Por sua vez, a Srª. Bennet revela-se desde logo uma mulher superficial, tola e desinteressante, cujo objectivo e expoente máximo de felicidade é “ver todas as suas filhas bem casadas”. As referidas filhas são Jane (a mais velha), Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia (a mais nova), que vivem com os pais na cidade de Meryton, em Hertforshire.

No início desde romance, de modo a corresponder aos desejos da Srª. Bennet, chega à cidade um jovem cavalheiro que aluga uma propriedade (Netherfield). De seu nome Charles Bingley, é rapidamente cobiçado e bem recebido por toda a comunidade. Porém, Mr. Bingley não vem só, fazendo-se acompanhar pela sua irmã e um amigo – Mr. Fitzwilliam Darcy. Este último, de ar sorumbático e algo orgulhoso é desde logo desdenhado pela comunidade, pela qual o próprio acalenta o mesmo sentimento. Entretanto, Jane e Bingley começam a relacionar-se, no entanto, a felicidade não é duradoura, e por meio de artifícios maldosos de outros, acabam por se separar, acreditando que a paixão morreu.

Entre Elizabeth e Mr. Darcy surge igualmente uma relação, mas de despique, caracterizada pela indiferença dele e vivacidade dela, diferente de todas as outras do seu meio. Com a partida de Darcy, Elizabeth inicia uma relação de amizade com Mr. Wickham, um oficial que ajuda a alimentar as divergências entre Elizabeth e Darcy.

Não quero de todo estragar o prazer daqueles que tenham intenção de ler o livro, portanto, em matéria de sinopse acho que vou ficar por aqui. A história não requer muita perspicácia da parte do leitor, pois torna-se bastante previsível qual o seu desfecho, desde os capítulos mais iniciais. No entanto, apesar de o factor surpresa estar condicionado, a narrativa é excelente e acompanhada por uma escrita irrepreensível.  

Quanto às personagens estão fantásticamente criadas, evoluindo todas ao longo do livro, sendo que não existem personagens desnecessárias ao curso da história.

Numa sociedade não muito diferente da actual, valores como a educação, a cultura, a classe social, o matrimónio e os ideais são constantemente colocados em questão. Jane Austen, procura, em jeito de crítica, deixar o leitor inferir acerca do orgulho e do preconceito vivido nesta época. Será que estes sentimentos se extinguiram no tempo, ou continuarão afincados na sociedade contemporânea?

A minha classificação não atinge a cotação máxima, apenas pela questão do factor surpresa. Crucifiquem-me mas sou uma leitora que gosta de ser compreendida e aqui, apesar de ser uma excelente obra, o desfecho revela-se previsível mesmo que não nos seja permitido antever o rumo que a história vai tomar até lá.

 

Classificação:

 

Livraria Chérie #7 O Grande Gatsby

Depois de muitas idas e vindas, e de ter relido as  primeiras páginas de O Grande Gatsby uma vintena de vezes, sem que nunca tivesse passado daí, finalmente terminei a leitura daquele que é considerado um dos grandes clássicos da literatura do século XX. Foi publicado pela primeira vez em 1925, e foi escrito por F. Scott Fitzgerald, que dizia que "gostaria de ser um dos maiores escritores que já viveram!", e que tem neste livro aquela que é considerada  a sua obra-prima. 

A história de Jay Gatsby, o homem que viveu na ilusão de um sonho, é-nos contada na primeira pessoa por Nick Carraway, um jovem natural da região do Midwest, que se muda para Nova Iorque em 1922, e cuja casa que aluga o deixa lado a lado com a mansão de Gatsby, o misterioso milionário acerca de quem circulam inúmeros rumores, por parte daqueles que, todas as noites, se dirigem à sua moradia para mais uma das suas festas. É também nesta altura que Carraway reencontra a sua prima Daisy, entretanto casada com Tom Buchanan e que, por ironia do destino, se encontra irremediavelmente ligada a Gatsby. Esta teia de personagens e sentimentos levará a um desfecho impossível de abrandar, que alterará definitivamente a percepção que Carraway tem do mundo.

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Ao longo das páginas de Gatsby, embarcamos numa viagem até à idade do jazz, os loucos anos 20, nos quais se viveu uma grande prosperidade pós-guerra, e que ficou para sempre associada ao excesso, ao glamour e à decadência. Além destes temas, Fitzgerald foca-se na importância dos estratos sociais da época, na resistência à mudança e na luta por um sonho que no final se esfuma, quando está prestes a ser alcançado. 

Tendo visto o filme de 2013 que adaptou o livro, já conhecia o destino das personagens e as suas personalidades. Obviamente que ao ler o livro pude conhecê-las muito melhor, mas tal como o filme, também o livro me dividiu. Se por um lado, foram vários os momentos em que achei a escrita de Fitzgerald muitíssimo inspirada, também foram muitos os momentos em que me aborreci e tive de me obrigar a continuar a ler. Outra das minhas dificuldades com este livro foi, tal como já tinha acontecido no filme, a minha não-identificação com nenhum dos personagens. Não consegui estabelecer nenhuma relação de empatia com nenhum deles que me fizesse realmente interessar-me pelos seus futuros. Apesar de tudo, foi talvez com a personagem de Gatsby que consegui estabelecer alguma afinidade por me solidarizar com a sua procura por um futuro melhor e pela desgraça em que cai.

Cada uma das personagens funciona quase como uma personagem-tipo. Em comum, todas elas vivem num estado de permanente insatisfação e na constante procura de algo que lhes preencha as suas vidas que, recheadas de luxo, são apesar de tudo, vazias. De todas elas, Carraway é o personagem mais maduro, mas que durante a acção funciona mais como um espectador das vidas dos outros, deambulando ao sabor das suas decisões. Gatsby, por sua vez, é o homem que cria o futuro com que sonhou baseado "na concepção platónica que tem de si mesmo", e que vive na ingenuidade de que o passado se pode repetir, e de que o amor é superior às convenções sociais.

Descrito como um romance trágico, O Grande Gatsby funciona acima de tudo como o testemunho de uma sociedade rica, fútil e decadente, descrevendo-a ao pormenor através de situações quotidianas, e deixando à capacidade crítica do leitor a análise desta época e destas pessoas. Foi esta perspectiva que mais gostei de ler no livro, esta amargura com que o autor descreve a vida e o ser humano. Em última análise, gostei da leitura deste livro e da perspectiva que me ofereceu, mas ficou aquém das minhas expectativas.

 

"(...) o sonho deve ter-lhe parecido tão próximo que só dificilmente poderia escapar ao seu abraço.

Não sabia que o sonho era já uma coisa do passado (...)"

 

Classificação: 

Livraria Chérie #6 – O Fantasma da Ópera

Foi ontem que (finalmente) terminei o livro que estava a ler – O Fantasma da Ópera – no frânces original Le Phantôme de l’Opéra. Esta obra de Gaston Leroux foi publicada pela primeira vez em 1909, sendo inspirado em factos históricos da Ópera de Paris.

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Leroux começa a narrativa com a frase “O fantasma da ópera existiu (...) Sim, existiu de carne e osso (...)”, o que cativa logo o leitor em primeira instância. A acção passa-se no século XIX, na Ópera de Paris (como o próprio título indica), que se encontra assombrada por um Fantasma, segundo as historietas dos empregados. Este vive de partidas que prega constantemente, e obtém o seu rendimento mensal da chantagem que efectua aos administradores da Ópera, que lhe pagam 20 mil francos mensais. A personagem terrível exige ainda que lhe reservem o camarote nº5 em todas as actuações.

Entretanto Christine Daaé, uma jovem bailarina, é guiada por um Anjo da Música, enviado do céu pelo seu falecido pai. Esta criatura mostra-lhe o poder da sua voz e todo o sucesso que pode alcançar com ela. Christine acaba por subir aos palcos como cantora, arrebatando e conquistando a audiência, onde se encontrava o seu amor de infância – o visconde Raoul de Chagny.

Mais tarde, Christine compreende que o Anjo não existe, e que este é sim personificado pelo Fantasma, o índividuo que aterroriza a Ópera. Erik, o Fantasma, encontra-se deformado na face, razão essa por que se esconde do mundo desde sempre. Quando Christine descobre a fealdade da criatura entra em choque e Erik decide prendê-la nos subterrâneos do monumental edifício. Christine vê-se então obrigada a escolher entre o amor de uma vida ao lado de Raoul de Chagny ou a protecção do mesmo. Esta promete então que voltará sempre para Erik por vontade própria. Mas o amor que sente por Raoul é mais forte e os dois planeiam fugir. No entanto, Erik apercebe-se do plano e na noite idealizada para a fuga, rapta Christine e leva-a para a sua morada nos confins da Ópera.

Raoul e o Persa (personagem que conhece tudo acerca de Erik) partem numa busca para salvar Christine, sobrevivendo às mais terríveis armadilhas e obstáculos. Entretanto, Daaé vê-se obrigada a casar com Erik ou morrer juntamente com “mais dos da raça humana”.

A escolha é óbvia, Christine escolhe casar com Erik. Porém, num rasgo de bondade este permite-lhe que fique para sempre com Raoul, desde que no momento da sua morte lhe venha colocar a aliança de ouro que lhe havia dado, no dedo. Christine concorda, e tanto ela como Raoul nunca mais são vistos. Porém, anos mais tarde é encontrado um esqueleto nos fundos da Ópera, com uma aliança dourada. Christine havia cumprido a sua promessa...

Esta obra-prima de Gaston Leroux é considerada de género gótico, romance, horror, ficção, mistério e tragédia. O horror deriva de todas as malvadezas que circulam na cabeça de Erik, e que este conduz à execução.

Não seria apenas uma alma incompreendida? Não teremos todos nós um pouco de Erik? No fundo o que mais almejamos na vida é ser amados por alguém, pois o amor que nutrem por nós não tem preço.

Recomendo vivamente a todos os que querem ler os grandes gigantes da literatura, pois esta obra deixa-nos a pensar no que seríamos capazes de fazer por amor, e talvez até a identificarmo-nos com Erik, que é supostamente o vilão que não nos deixa indiferentes.

Hoje em dia a história é mais que conhecida, e talvez um pouco ofuscada pelos musicais (é o mais visto de sempre!), filmes e todas as produções realizadas em torno da obra. Porém, eu acho que merece a classificação de:

 

Classificação: 8/10

Chérie, hoje apetecia-me ver... Psycho

Finalmente!

Finalmente vi a obra-prima do mestre do suspense Alfred Hitchcock, o seu intemporal e consagrado Psycho!

Considerado um dos melhores filmes de sempre, e também um dos mais influentes, estreou em 1960 e desde logo arrebatou audiências e críticos. Foi nomeado a 4 Óscares, incluindo Melhor Realizador e Melhor Actriz Secundária, e entrou para a história como o filme com a famosa cena do duche e a música de fundo aterradora. Foi considerado pelo American Film Institute como o Melhor Thriller de Sempre e a sua banda sonora como a quarta melhor de sempre, tanto que o próprio Hitchcock afirmou “33% of the effect of Psycho was due to the music.”

Sendo um dos filmes mais famosos da Sétima Arte, mesmo antes de o ter visto, eu já conhecia vários factos sobre o filme, tendo inclusive visto a cena do duche e sabia até o que acontecia no final. Apesar disso, foi um filme que me surpreendeu imenso, porque conhecendo o fim, não fazia ideia como as coisas se iriam desenrolar para chegar a esse ponto. 

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Sem querer desvendar muito, a história começa com Marion Crane (Janet Leigh), uma jovem secretária que tem uma atitude inesperada e que nessa sequência se vê obrigada a fugir. Pelo caminho, ao afastar-se da estrada principal, ela encontra o Bates Motel, gerido por Norman Bates (Anthony Perkins), um jovem simpático e educado, que vive sob o controlo da sua mãe.

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Filmado em preto e branco e com cerca de 108 minutos de duração, Psycho é um excelente filme de suspense, que cria desde o início uma atmosfera de mistério, quer pela sua fotografia, quer pela forma como a história é conduzida, e principalmente pela banda sonora, que é simplesmente genial. O filme é realizado de forma a sabermos muito pouco acerca dos personagens que nos vão sendo apresentados, pelo que as expectativas que criamos sobre eles são facilmente destruídas. Também a história é contada desta forma, para que não tenhamos ideia do que vai acontecer, até ao meio do filme, quando o filme segue numa direcção diferente da anterior, e nos encaminha para o verdadeiro mistério.

As interpretações dos dois actores principais estão bastante bem conseguidas, especialmente a de Anthony Perkins, que nos dá um Norman Bates carismático e doce, mas sempre com aquela sensação de que algo está errado. Gostei particularmente de ver a evolução de Marion e de descobrir o motivo que a leva a encetar a fuga, e que a faz ir de encontro a Norman, e achei os diálogos entre estes dois excelentes. 

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Com cenas de tirar a respiração, macabro e apontamentos de terror, Psycho tem uma história e um fim verdadeiramente mind-blowing que vos vai deixar a pensar neste filmes várias vezes. Em suma, adorei este filme e recomendo-o a toda a gente! É uma obra brilhante de um dos maiores realizadores de sempre e que vos vai prender do início ao fim.

A título de curiosidade, a história do filme foi adaptada de um livro de 1959 com o mesmo nome, o qual por sua vez foi baseado na história de um assassino norte-americano. Já teve direito a três sequelas, sempre com Anthony Perkins, um remake com Vince Vaughn a interpretar o papel de Norman, um filme para a televisão, e ainda uma série, de nome Bates Motel e da qual já falámos aqui.

 

Classificação: 9/10

Chérie, hoje apetecia-me ver... "It's a Wonderful Life"

Finalmente vi o clássico dos clássicos dos filmes de Natal, o filme It's a Wonderful Life ou pela tradução portuguesa "Do Céu caiu uma Estrela" de 1946 e realizado por Frank Capra. Queria ter feito este post na semana do Natal, mas infelizmente só agora o pude ver. De qualquer forma deixem-me adiantar-vos: Que filme! 

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George Bailey (James Stewart) é um pai de família amoroso, marido extremoso, trabalhador honesto, enfim um cidadão exemplar. Contudo, a sua vida não é feliz, pois teve de abdicar de vários sonhos e da vida que almejava em prol dos outros, e sente-se um fracasso quando se compara com vários conhecidos seus que atingiram grandes feitos, medalhas e fortuna. Na noite da véspera de Natal, após descobrir que corre o risco de ser preso por um erro que não cometeu e que, devido ao seguro que fez, vale mais como homem morto do que vivo, decide suicidar-se. Mas eis que... do céu cai uma estrela, o anjo Clarence, para lhe provar que, bem, It's a Wonderful Life!

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Um filme dos velhinhos ainda a preto e branco, o que lhe confere uma aura ainda mais mágica e doce, e que, em pouco mais de 2h, me encantou, deliciou, e apaixonou.

Tem uma história simples e com algumas parecenças com o Conto de Natal de Dickens, mas que é extremamente bem desenvolvida e complementada por diversos pormenores na construção das personagens e das suas vivências, que fazem toda a diferença. O elenco é grandioso tanto no número de personagens como na qualidade das suas interpretações, com diversas personagens secundárias inesquecíveis, e contando com Donna Reed no papel de Mary, a esposa de George, e Lionel Barrymore como Henry Potter, o grande antagonista da história. Mas o grande trunfo do filme é o seu protagonista, James Stewart, que faz um trabalho absolutamente incrível no papel do generoso George Bailey, um personagem como nunca tinha visto.

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Quando estreou o filme não teve grande sucesso nem junto do público nem da crítica, mas mesmo assim conseguiu três nomeações aos Óscares, inclusive Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Actor Principal. Foi com o passar do tempo que se consagrou com um dos filmes predilectos da época natalícia e uma obra clássica do cinema, um pouco à semelhança do que aconteceu com outro filme de que já vos falei aqui, o Singin' in the Rain. 

Foi considerado pelo American Film Institute como o Filme Mais Inspirador de Sempre, e encontra-se ainda nas listas seguintes: 100 Melhores Filmes Americanos de Sempre (Nº20), 100 Melhores Histórias de Amor de Sempre (Nº8), Top 10 de Filmes de Fantasia (Nº3) e ainda nos 100 Maiores Heróis e Vilões para George Bailey (Nº9) e Mr. Potter (Nº6), respectivamente.

 

Uma verdadeira iguaria cinematográfica natalícia para ser consumida sem moderação por toda a família!

Classificação: 9/10

(embora tenha a sensação de que se o vir mais vezes vou acabar por achar que merecia um 10)

Livraria Chérie #3 - O Retrato de Dorian Gray

Há já algum tempo que ansiava por ler "O Retrato de Dorian Gray", do Oscar Wilde, no entanto a oportunidade nunca surgia. Foi então que, na feira do livro de Lisboa, no ano passado, o vi e pensei "Não, desta vez te mesmo que ser!". Comprei-o, mas como tinha outras leituras em atraso deixei-o um pouco de parte. Comecei a ler no final do verão, mas como o tempo livre não abunda apenas o terminei agora há dias. 

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Este foi inicialmente publicado na Lippincott's Monthly Magazine, uma revista britânica do século XIX. Posteriormente o autor, Oscar Wilde, reviu aquela que viria a ser a sua obra-prima, e publicou-a na edição que conhecemos actualmente. 

Por muitos classificado como um romance filosófico, "O Retrato de Dorian Gray" aborda o hedonismo, o narcisismo e o poder da influência dos outros em nós próprios, procurando sempre, e acima de tudo, criticar a decadente sociedade inglesa da época. 

O livro conta a história de um rapaz, Dorian Gray, de uma beleza extremamente rara e nunca antes vista, que acaba por se perder na sua própria beleza. Este torna-se modelo de um pintor conceituado - Basil Hallward, inspirando-o a pintar a sua obra prima - O Retrato de Dorian Gray. Por influência de Lorde Henry Wotton, seu amigo, Dorian fica obcecado com a sua beleza, lançando uma prece de que fosse o retrato a envelhecer e não ele. A dita prece é ouvida e com o passar dos anos, a idade faz-se notar no retrato, à medida que Dorian fica para sempre jovem. Porém, com o avançar das épocas, também a personalidade do protagonista é infuenciada, sofrendo mutações terríveis, com consequências ainda piores. 

Oscar Wilde, foi na sua época muito criticado, na medida em que muitos referem o livro como homoerótico e decadente, tendo mesmo sido obrigado a alterar certas partes. 

Pessoalmente já conhecia a história, no entanto surpreendeu-me pela positiva. Porém, quanto à escrita, por vezes torna-se complexa, exigindo uma atenção redobrada por parte do leitor. Por vezes, a descrição estética e cultural do panorama e contexto torna-se excessiva. No entanto, as personagens são ricas, permitindo ao leitor ler nas entrelinhas e compreender o que o autor realmente queria transmitir. 

 

Classificação: 7/10 

 

P.S - Existe também um filme - The Picture of Dorian Gray (2009), e a personagem é incluída na série Penny Dreadfull (2014)