Livraria Chérie #20 - Crónica dos Bons Malandros
Mário Zambujal é um conhecido jornalista e comentador português, nascido em 1936 em Moura, no Alentejo. Apesar dos seus talentos no campo da escrita, foi apenas em 1980 que se estreou no mundo da literatura com Crónica dos Bons Malandros.
Ao longo de nove capítulos conhecemos a quadrilha de Renato, O Pacífico, bem como aquele que promete ser o golpe mais audacioso da história dos assaltos. Na Lisboa do crime, soturna e misteriosa, cruzamo-nos com várias personagens, tendo cada uma direito a um capítulo, onde nos é explicada a sua história de vida e como se cruzaram no caminho de Renato, o líder da quadrilha protagonista. O referido grupo é composto por Pedro, O Justiceiro, Adelaide Magrinha, Flávio Doutor, Arnaldo Figurante, Silvino Bitoque e Marlene, a namorada de Renato. De uma forma ou de outra, todos se cruzaram no caminho do líder, fazendo com que este os considerasse indicados para integrarem o seu grupo.
Como consequência de um pedido vindo do estrangeiro, Renato e a sua quadrilha vêem-se envolvidos naquele que promete ser o assalto mais arriscado de sempre, mas também a porta de saída para uma vida melhor. A premissa é simples – roubar vinte e duas jóias de uma colecção do Museu Calouste Gulbenkian. No entanto, este crime tem tanto de brilhante como de perigoso e, como em todas as histórias, nem tudo o que parece é.
Neste livro o que cativa o leitor não é, de todo, a história ou as personagens, mas sim a análise que Mário Zambujal faz do que é ser malandro. Num tom cómico e divertido, acabamos por nos aperceber que ninguém entra no mundo da malandragem por desejo próprio, mas sim por arrasto ou escorregão, e acaba por se deixar ficar. É um livro pequeno, com menos de duzentas páginas, variando consoante a edição (eu li a edição que tem o prefácio de Gonçalo M. Tavares), que se lê num ritmo alucinante. Por muitos definido como a obra que consagrou Mário Zambujal, a mim deixou-me divertida sim, mas com sede, com vontade de conhecer mais sobre estes bons malandros, daí que a minha crítica o coloque apenas no suficiente. Na minha opinião é uma história muito engraçada, com imenso potencial, mas ainda assim, inaproveitada. Contudo, gostei da escrita de Zambujal e nesse aspecto aconselho vivamente, sobretudo se procuram algo divertido, claro, simples e objectivo.
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