Chérie, hoje apetecia-me ver... I Am Sam
Este filme de 2001 de que vos venho falar recebeu em Portugal o título A Força do Amor, o qual não podia ser mais apropriado. Conta a história de Sam Dawson (Sean Penn) um homem que tem a capacidade mental de uma criança de 7 anos, que trabalha no Starbucks e que adora os Beatles. Mas o verdadeiro centro da sua vida é a sua filha, Lucy Diamond (Dakota Fanning), que foi abandonada pela mãe à nascença, e que tem com o pai uma relação de grande cumplicidade. No entanto, à medida que Lucy cresce, as diferenças no desenvolvimento cognitivo entre ela e o pai começam a acentuar-se cada vez mais, e a capacidade de Sam em cuidar dela é posta em causa. Uma vez separados, Sam e Lucy de tudo farão para voltar a ficar juntos, e provar que all you need is love.
Este filme conta uma história muito emocionante, e é impossível não gostarmos de Sam desde o primeiro minuto, pela sua ingenuidade, pelo seu humor e acima de tudo pelo seu grande coração e amor pela filha. Sam é um homem que quer provar a si mesmo e a todos os que rodeiam que apesar das suas dificuldades, que consegue ser o mais autónomo possível, mas que ao mesmo tempo não tem medo de pedir ajuda, pois é capaz de reconhecer as suas limitações. Sean Penn não é de todo um dos meus actores favoritos, mas esta foi a sua interpretação de que mais gostei, e pela qual foi nomeado pela terceira vez ao Óscar de Melhor Actor.
Contudo, sempre que Dakota Fanning está em cena, rouba imediatamente toda a nossa atenção, pela sua interpretação de uma menina adorável e inteligente, que apesar de amar o pai começa a deparar-se com algumas dificuldades em relacionar-se com ele, especialmente quando começa a ir à escola.
Apesar de o filme ter uma boa história, embora com alguns clichés típicos deste género de filmes, achei que esta podia ter sido contada de uma forma melhor. Por exemplo, o desenvolvimento de Lucy e a sua relação com o pai, que constituem a 1ª parte do filme, poderia ter sido mais explorada, e senti que a 2º parte dedicada à relação de Sam com a sua advogada de defesa Rita (Michelle Pfeiffer), e consequente ida a tribunal ocupou tempo demais. A última parte que lida com o resultado da audiência e as adaptaçoes feitas às vidas dos dois protagonistas, voltou a ser demasiado apressada, assim como o fim.
Uma das particularidades que mais gostei neste filme foi a banda sonora que é unicamente constituída por covers de músicas dos Beatles, e que além de se adaptarem perfeitamente ao filme, também despertaram em mim a vontade de ouvir mais desta banda (sim, eu confesso-vos que pouco ou nada conheço do trabalho desta banda, shame on me!).
Gostei particularmente do elenco secundário que serve de apoio a Sam, nomeadamente a sua vizinha agorafóbica Annie (Dianne Wiest) e o seu grupo de amigos, que incluía actores com deficiências reais, e que conferiram mais veracidade ao filme, além de ajudarem a mostrar que um homem como Sam é perfeitamente capaz de ter uma vida normal.
Em suma, foi um filme de que gostei muito, que me levou às lágrimas inúmeras vezes e que fiquei com vontade de rever. Podia estar mais bem construído, mas tendo em conta todas as mensagens transmitidas acho que merece:
Classificação: 7/10