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La Vie en Chérie

Para os apaixonados por moda, cinema, livros e por uma vida doce e divertida

La Vie en Chérie

Para os apaixonados por moda, cinema, livros e por uma vida doce e divertida

Neste Dia... 12 de Julho

A aniversariante de hoje celebra os 18 anos, mas já esteve à beira da morte, escreveu um livro, deu inúmeras entrevistas, venceu um Nobel da Paz, tem um documentário sobre a sua vida a caminho e um asteróide com o seu nome, mas acima de tudo é um verdadeiro exemplo na luta pela democracia, igualdade e acesso à educação. Já sabem de quem estou a falar?

Obviamente que é de Malala Yousafzai, a jovem paquistanesa nascida em 1997 conhecida maioritariamente pelo seu trabalho enquanto activista pela educação infantil feminina. 

Desde a sua infância que se começou a interessar por assuntos políticos, sendo sempre incentivada pelo seu pai, o seu principal educador. O seu trabalho começou a ser maioritariamente desenvolvido a partir de 2008, quando começou a discursar, e quando foi convidada pela BBC para criar um blog no qual descrevesse a sua vida, e a crescente influência talibã na região. O início do ano seguinte foi marcado pela proibição de que as meninas pudessem frequentar a escola, a qual apenas foi levantada em Fevereiro. Inspirada pelo exemplo do pai, por esta altura, Malala pôs de lado o seu sonho de ser médica, e abraçou o sonho de uma carreira política com o objectivo de consertar o seu país. Entretanto participou num documentário do New York Times, e começou a dar várias entrevistas, nas quais defendia o acesso das raparigas à educação. 

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À medida que se tornava mais conhecida, as ameaças de morte tornaram-se crescentes, e em 9 de Outubro de 2012 Malala foi baleada enquanto estava no autocarro que a trazia da escola, tendo de ser operada várias vezes no Paquistão e mais tarde no Reino Unido. O atentado foi alvo de atenção mundial, assim como a recuperação de Malala.

Uma vez recuperada, Malala regressou ao seu trabalho anterior, discursando nas Nações Unidas no dia do seu 16º  aniversário, em 2013, na Universidade de Harvard e noutras grandes organizações. Publicou ainda I Am Malala: The Story of the Girl Who Stood Up for Education and was Shot by the Taliban. No ano seguinte, Malala foi anunciada como sendo uma das vencedoras do Prémio Nobel da Paz, sendo aos 17 anos a mais jovem vencedora de sempre. 

Depois do atentado, Malala já regressou ao Paquistão, mas vive actualmente em Inglaterra e  estreará em breve um documentário sobre a sua vida, He named me Malala.

Sem sombra de dúvida Malala é um verdadeiro exemplo de uma pessoa com uma sólida educação, uma grande sabedoria e inteligência, um grande carácter humano e uma heroína dos dias de hoje.

Nunca me vou esquecer desta entrevista que Malala deu a Jon Stewart, e que o deixou a ele, a mim, e penso que a muitos de nós sem palavras com a sensatez, humanidade e maturidade desta jovem. Palmas, muitas palmas para ela!

Noticiário Chérie #1 Uma Mulher num Mundo de Homens

Esta semana foi marcada por um vasto conjunto de notícias que assolaram o país e o mundo. No entanto, houve uma em especial que chamou a minha atenção, quer pelos dados que fornecia, quer pelo tema.

O assunto já veio à baila por várias vezes e em vários contextos, mas desta vez vem mesmo a propósito, uma vez que se aproxima o Dia Internacional da Mulher (Domingo dia 8, para os mais esquecidos). O Jornal Público aborda um alerta da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que afirma que serão necessários setenta anos, sim setenta, para que mulheres e homens atinjam uma equivalência salarial. Assinalando o vigésimo aniversário da Declaração de Pequim, onde ficaram estabelecidos os direitos das mulheres, a OIT avisa que “as mulheres continuam a ser confrontadas com situações de discriminação e desigualdade no trabalho”.

Consta neste alerta que as mulheres ganham, em média, 77% do auferido pelos homens. Será verdade? Obviamente não poderemos generalizar, pois existem muitas mulheres que têm remunerações elevadíssimas. Mas serão estes dados reais? Se sim, qual a justificação da diferença? O sexo feminino não trabalha menos, pelo contrário, muitas são as mulheres, senão a maioria, que sai do trabalho e cuida da vida doméstica (26h por semana, segundo as estatísticas). Então se não é uma menor quantidade de trabalho que justifica os -23%, o que é?

Confesso que fiquei indignada, não numa lógica feminista, não é isso que quero passar. Mas o sexo feminino já é tanta vez discriminado por poder engravidar e consequentemente usufruir da licença de maternidade, porquê acentuar ainda mais a diferença? Foram necessários muitos anos para atingir a igualdade que temos hoje, ou melhor, segundo este alerta do OIT, a ilusão de igualdade, pelo menos no campo laboral.

 

Em muitos países europeus, por exemplo, ter um filho tem um efeito reduzido, mas as mulheres que têm dois filhos e, especialmente, as que têm três são fortemente penalizadas em termos salariais, exemplifica a OIT.

 

No entanto, nem tudo é tão negro, e a instituição ressalva que no que respeita à protecção na maternidade, houve melhorias, apesar de ainda existirem 800 milhões de trabalhadoras no mundo que não têm uma correcta licença de maternidade. De ressalvar que há cada vez mais homens a assumir licenças de paternidade mas, segundo os dados, as mulheres continuam a ser as responsáveis pela maior parte dos cuidados familiares, o que limita aqui um pouco a questão da remuneração.

Em Portugal, esta semana o Governo anunciou que irá iniciar negociações com as empresas cotadas da bolsa para que estas incluam um mínimo de 30% de colaboradoras femininas nos conselhos de administração até 2018. Sabe-se também que, no nosso país, as mulheres recebem em média menos 13% que os homens que desempenham as mesmas funções.

Não me queria alongar muito e se calhar já escrevi demais. Mas, tal como a OIT, estou chocada que após vinte anos da Declaração de Pequim ainda tenhamos um caminho tão longo e tortuoso a percorrer, que só será atingido em 2086.

 

E vocês? Ficaram impressionados com a notícia?

Neste Dia... 5 de Dezembro

Há precisamente um ano atrás, o mundo perdia uma das pessoas mais importantes e extraordinárias da actualidade, Nelson Mandela. O que mais haverá a dizer de uma pessoa sobre quem tanto já foi escrito, reproduzido ou discutido? Não existem palavras para descrever este Homem, a não ser que foi um exemplo de compaixão, perdão e valor, um verdadeiro exemplo para todos nós.

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Nasceu no ano de 1918, dia 18 de Julho, na África do Sul, e entrou na Universidade em 1939 e tornando-se advogado. Em 1944 casa-se com a primeira mulher, e cria  a Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano, começando a denunciar o racismo que se vivia. Em 1949 o governo de então cria o regime do nome apartheid e em 1952, Nelson Mandela torna-se vice-presidente do Congresso Nacional Africano (CNA). Nesse ano iniciam-se os primeiros protestos públicos contra o apartheid, com Mandela como líder. Nesse seguimento é preso por diversas vezes.

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Em 1956 divorcia-se e em 1957 casa-se com Winnie Mandela, para depois participar no Julgamento da Traição, no qual é absolvido em 1961. Nesse ano cria um movimento armado para combater o apartheid, em caso de violência. É perseguido e vive clandestino. Em 1962 viaja até Londres, e a alguns países africanos, mas quando regressa é preso. No seguimento do julgamento é condenado a prisão perpétua em 1964.

É enviado para a prisão da Ilha Robben, para a exígua cela 466/64. Após anos a tentar negociar a liberdade, em 1990, após 27 anos preso e já com mais de 70 anos, é finalmente liberto. No ano seguinte é eleito presidente do CNA e recebe o Prémio Nobel da Paz e em Abril de 1994 é eleito Presidente da República com 62% dos votos. 

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O início da reconcialiação de um país tão dividido deu-se com a criação da Comissão da Verdade e Reconciliação, e foi adoptado um novo hino nacional e uma nova bandeira. Em 1995, a África do Sul sediou o Campeonato Mundial de Râguebi, no que constituiu um grande passo para a reconciliação do país, através do apoio de Mandela à selecção, sendo que o país acabou por se sagrar campeão. Em 1996, após 38 anos de casamento, divorcia-se de Winnie e em 1998 casa-se com a sua última mulher, Graça Machel. Durante o seu mandato foram feitas várias reformas sociais para diminuir as desigualdades sociais e económicas. Em 1999 termina o seu mandato e anuncia que se vai retirar da vida pública e política para gozar a sua tão merecida reforma.

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Desde essa altura as suas aparições foram escassas, pois a sua saúde também se foi progressivamente fragilizando. Em 2010, durante o Campeonato Mundial de Futebol na África do Sul, compareceu brevemente na cerimónia final. No ano passado, após ter sido internado por várias vezes, acabou por morrer com 95 anos de idade.

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Para trás deixou um legado incomensurável que importa relembrar e preservar. Ao longo dos anos muitas homenagens lhe foram prestadas, muitos prémios lhe foram atribuídos, canções foram escritas, músicas foram compostas, páginas e páginas de artigos, reportagens e livros foram escritas, filmes foram realizados, actores deram-lhe vida e as suas palavras foram repetidas vezes sem conta, mas a cada vez com um significado cada vez mais premente.

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Uma das canções sobre Mandela mais conhecidas, lançada quando este ainda estava preso, em 1984.