Livraria Chérie #5 - Cem Anos de Solidão
Terminei hoje o livro Cem Anos de Solidão, e confesso-vos que apesar de já saber a frase final há muitos anos, isso não impediu que as lágrimas se apoderassem dos meus olhos. Sem dúvida alguma o melhor livro que li até ao momento, pois apesar de ser concebido em torno de todo um realismo mágico, consegue aprisionar o leitor.
Gabriel García Marquez, escritor colombiano dotado de uma destreza literária enorme, ganhou o nobel em 1982. Com este Cem Anos de Solidão, garante a posição nº33 dos 100 livros do século segundo o Le Monde. Este tão aclamado romance, denominado Cien Años de Soledad na língua materna em que foi redigido, reporta, como já referi, ao estilo do realismo mágico. Leva-nos a deambular por Riohacha e Macondo, locais fictícios e místicos, perdidos e encontrados nas Caraíbas, onde encontramos a família Buendía, uma família incestuosa, que nasce da relação de José Arcadio com a sua prima Úrsula. O casal tem três filhos, José Arcadio, extrovertido e trabalhador, Aureliano, calmo e solitário e Amaranta. No decorrer da história são contadas ao leitor as vivências de cada uma das personagens, assim como a sua evolução ao longo da narrativa. Acompanhando sete gerações Buendía, deparamo-nos com milagres, fantasias, obsessões, incestos, tragédias, adultérios, rebeldias, descobertas e condenações, que em simultâneo representam o mito e a veracidade que se faz viver em todo o mundo. Filhos, netos, bisnetos, trinetos, tetranetos, são apresentados, assim como personagens exteriores à família, indispensáveis ao decurso da narrativa.
Repleto de características e especificidades que o tornam único, este romance tem a particularidade de contar com uma personagem centenária que acompanha todas as gerações, dando conta das características e mentalidades de todos os descendentes. A par com isto, como se o nome determinasse a natureza da pessoa, todos os herdeiros com o nome José Arcadio têm a vida marcada por impulsos, trabalho árduo e vida boémia. Por outro lado, todos os Aurelianos são justos, pensativos e melancólicos. Estes últimos, adquirem uma missão, ao longo da história, e que no fundo é o fio condutor de todas as peripécias: desvendar os pergaminhos escritos pelo nómada Melquíades, amigo da família. No entanto, prediz-se que estes contam a história da família Buendía, desde o primeiro membro, ao último, e apenas poderão ser decifrados quando tiverem decorrido cem anos e o derradeiro descendente estiver às portas da morte.
Sem dúvida genial, bem escrito e que me deixa com vontade de recomeçar a ler, só para voltar a viver com os Buendía outra vez. O único conselho que posso transmitir é que adquiram uma edição com árvore genealógica ou então que imprimam uma da internet, porque as personagens têm nomes similares e confesso que me perdi algumas vezes e tive que recorrer a esse instrumento.
"(...) porque as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda oportunidade sobre a terra."