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La Vie en Chérie

Para os apaixonados por moda, cinema, livros e por uma vida doce e divertida

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Livraria Chérie #19 As Dez Figuras Negras

Aqui há uns tempos partilhei convosco que queria muito ver a mini-série And Then There Were Nonea mais recente adaptação da obra com o mesmo nome, de Agatha Christie. Contudo, também decidi que teria de reler o livro em questão, por forma a lembrar-me bem dos pormenores daquele que é um dos meus livros favoritos de sempre, e sem dúvida o melhor que li desta escritora.

A obra foi publicada em 1939 e conta com vários títulos diferentes, quer nas versões inglesa/americana, quer nas lusófonas. Na versão original, britânica, o título é Ten Little Niggers, mas o livro ficou mais associado ao título americano, And Then There Were None, sendo que nas terras do tio Sam também é conhecido por Ten Little Indians. Já em Portugal os títulos variam entre Convite para a Morte e As Dez Figuras Negras, sendo que penso que este último, tal como o nome original, seja o mais sugestivo.

Trata-se do livro mais vendido de Agatha Christie, o qual era também um dos favoritos da autora. Já foi adaptado diversas vezes no teatro, cinema, televisão e rádio, entre outros. Mais do que um policial ou um thriller, As Dez Figuras Negras é um verdadeiro livro de suspense e terror.

As Dez Figuras Negras - Agatha Christie.jpg

 

Dez pessoas viajam até uma mansão situada numa ilha isolada na costa do Devon. As razões que levam cada um desses desconhecidos até esse local são diferentes, e cedo os convidados se apercebem de que algo não bate certo. Nessa mesma noite têm a confirmação dessa suspeita: o anfitrião acusa cada um deles de ocultar um terrível segredo. Pouco depois, para surpresa de todos, um dos convidados morre subitamente. Na manhã seguinte, outra pessoa é encontrada morta. As restantes pessoas começam então a aperceber-se de que aquelas mortes não são uma coincidência, mas sim, obra do misterioso anfitrião, e que este não tenciona parar até que todos estejam mortos. A tensão atinge níveis insuportáveis, especialmente devido aos contornos macabros que envolvem cada um dos homicídios. É que cada um deles é feito de acordo com uma arrepiante lega-lenga infantil, e à medida que os assassinatos se sucedem, cada uma das dez figuras negras colocadas sobre a mesa de jantar são misteriosamente subtraídas...

 

Se este breve resumo vos deixou arrepiados, então já têm uma pequena amostra do crescendo de terror e suspense que se faz sentir ao longo das páginas deste livro. Ao mesmo tempo que os convidados na ilha vão ficando cada vez mais assustados, também nós, os leitores, vamos sofrendo com a antecipação do que virá a seguir, de quem será a próxima vítima, e de quem será, afinal, o autor desta ideia tão tétrica. 

Agatha Christie atinge aqui o seu expoente da sua imaginação ao contar uma história tão fascinante, que se torna quase impossível não ler o livro de seguida. Se da primeira vez que o li foi exactamente isso que fiz, desta feita demorei mais, saboreando os pormenores e o fim que já conhecia. A forma como esta história é contada é excelente, e durante a leitura também nós estamos presos com aquelas personagens, sofrendo com elas o pânico e terror daquela situação. Houve várias momentos que me deixaram verdadeiramente assustada, logo desde o início, porque é imediata a sensação de que algo está errado e, tal como num filme de terror, é possível sentir que algo de terrível está prestes a acontecer. Mesmo nesta releitura, voltei a sentir-me assim, tal é a mestria de Agatha Christie.

Não vou adiantar-me muito mais, porque penso que este é um daqueles livros dos quais menos se souber, melhor. Apenas adianto que o fim é verdadeiramente mindblowing. Em suma, este livro é excelente, excelente, excelente, e se ainda não o leram nem sabem o que estão a perder!

 

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Livraria Chérie #18 Anúncio de um Crime

No mês passado terminei a leitura de Anúncio de um Crime, mais um policial de Agatha Christie, mas a crítica ficou entretanto adiada. Até agora.

Esta obra data de 1950 e foi publicada sob o nome A Murder is Announced, sendo considerado um dos clássicos do género, e ainda um dos favoritos da própria autora.

A acção decorre na vilazinha inglesa de Chipping Cleghorn, onde é anunciado no jornal local que terá lugar um assassinato nessa sexta feira, em Little Paddocks, para o qual todos estão convidados. Esta é a residência de Letitia Blacklock, que aí vive com os seus primos Patrick e Julia, a sua amiga de infância Dora e duas empregadas. Ao lerem esta notícia, vários habitantes ficam intrigados, e decidem comparecer, pensando tratar-se de um jogo da dona da casa. Contudo, aí está o senão: também Letitia fica perplexa com esta notícia, pois não foi ela quem a publicou.

Chegado o dia fatal, os amigos reunem-se em Little Paddocks, as luzes apagam-se e o suspense começa. Soam tiros, o pânico instala-se e eis que o assassinato acontece.

 

Anúncio de um Crime - Agatha Christie.jpg

 

Neste livro temos a presença da famosa Miss Marple, que deslinda o caso, mas que tem um papel bastante secundário comparativamente com o do detective Dermot Craddock. Penso até que ela esteve um pouco "apagada", quando comparado com outros livros em que ela aparece. 

Gostei imenso de ler este livro, especialmente à medida que a trama avançava, e o enredo se adensava. Os capítulos finais foram especialmente entusiasmantes, tendo em conta as sucessivas revelações que se foram fazendo. O assassino não foi particularmente surpreendente, uma vez que já tinha ponderado essa hipótese várias vezes, mas a razão por detrás do crime sim. Aliás, foi o facto de não encontrar um motivo para esse personagem ser o assassino, que me fez abandonar essa hipótese. Mas obviamente que Agatha Christie com a sua mente genial conseguiu criar a história perfeita que explicasse o crime.

Nesta obra é abordado um tema comum a muitas situações de crime: o que é que as testemunhas realmente viram, ou ouviram, e até que ponto é que foi a sua mente a acrescentar pormenores, de acordo com aquilo que assumem que teria acontecido. Também existe uma forte componente psicológica que explica o crime, muito mais do que as típicas razões que geralmente são atribuídas, e que foi um dos pontos fortes deste policial. Além da escrita de Christie ser, como sempre, muito boa, penso que nesta obra ela desenvolveu mesmo bem as personagens, e isso fez toda a diferença. Noto isto especialmente quando comparo este livro com os dois últimos que li da autora, A Casa Torta e O Cavalo Pálido, que não tiveram personagens tão interessantes. O assassino deste livro, por exemplo, foi bastante mais bem criado e tem uma evolução mais complexa. Assim, senti-me realmente parte daquele ambiente, e motivada a conhecer e acompanhar aquelas pessoas. Não deixem de ler!

 

Classificação: 

Neste Dia... 6 de Novembro

Hoje prestamos homenagem a uma das maiores escritoras portuguesas: Sophia de Mello Breyner Andresen. Se fosse viva, a escritora nascida no Porto, em 1919, faria hoje 96 anos.

Nascida numa família com raízes aristocratas, estudou Filologia Clássica na Universidade de Lisboa, apesar de nunca ter concluído o curso. Durante a sua juventude foi dirigente de movimentos universitários, escreveu para uma revista, e pertenceu a movimentos políticos que se opunham ao regime. Casou-se em 1946, tendo cinco filhos, entre os quais o também escritor, Miguel Sousa Tavares. Chegou a pertencer à Assembleia Constituinte do Porto, para a qual foi eleita em 1975. 

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Na escrita, distinguiu-se principalmente enquanto poetisa, mas também enquanto escritora de livros infantis. Na sua obra, a Natureza e o mar são temas predominantes, bem como a infância, a justiça  ou a vida e a morte. Entre 1945 e 2001 publicou mais de 20 livros de poesia, escreveu peças de teatro e vários ensaios, e foi ainda responsável pela tradução de grandes obras clássicas, como Medeia ou Hamlet. Publicou ainda 10 livros de contos, a maioria dos quais infantis. Ao longo da sua carreira recebeu vários e prestigiados prémios, entre os quais se encontram o Grande Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores, o Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças, ou o Prémio Camões, em 1999, o mais importante galardão da literatua portuguesa, sendo que foi a primeira mulher a receber esse prémio.

Sophia viria a falecer a 2 de Julho de 2004, com 84 anos, sendo que em 2014 o seu corpo foi transferido para o Panteão Nacional.

Pessoalmente, não conheço muito da sua obra poética, mas li muitos dos seus contos infantis. A Fada Oriana, O Rapaz de Bronze, A Menina do Mar, A Floresta ou O Cavaleiro da Dinamarca fazem parte do meu imaginário infantil, e foram dos melhores livros para crianças que tive oportunidade de ler.

Livraria Chérie #7 O Grande Gatsby

Depois de muitas idas e vindas, e de ter relido as  primeiras páginas de O Grande Gatsby uma vintena de vezes, sem que nunca tivesse passado daí, finalmente terminei a leitura daquele que é considerado um dos grandes clássicos da literatura do século XX. Foi publicado pela primeira vez em 1925, e foi escrito por F. Scott Fitzgerald, que dizia que "gostaria de ser um dos maiores escritores que já viveram!", e que tem neste livro aquela que é considerada  a sua obra-prima. 

A história de Jay Gatsby, o homem que viveu na ilusão de um sonho, é-nos contada na primeira pessoa por Nick Carraway, um jovem natural da região do Midwest, que se muda para Nova Iorque em 1922, e cuja casa que aluga o deixa lado a lado com a mansão de Gatsby, o misterioso milionário acerca de quem circulam inúmeros rumores, por parte daqueles que, todas as noites, se dirigem à sua moradia para mais uma das suas festas. É também nesta altura que Carraway reencontra a sua prima Daisy, entretanto casada com Tom Buchanan e que, por ironia do destino, se encontra irremediavelmente ligada a Gatsby. Esta teia de personagens e sentimentos levará a um desfecho impossível de abrandar, que alterará definitivamente a percepção que Carraway tem do mundo.

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Ao longo das páginas de Gatsby, embarcamos numa viagem até à idade do jazz, os loucos anos 20, nos quais se viveu uma grande prosperidade pós-guerra, e que ficou para sempre associada ao excesso, ao glamour e à decadência. Além destes temas, Fitzgerald foca-se na importância dos estratos sociais da época, na resistência à mudança e na luta por um sonho que no final se esfuma, quando está prestes a ser alcançado. 

Tendo visto o filme de 2013 que adaptou o livro, já conhecia o destino das personagens e as suas personalidades. Obviamente que ao ler o livro pude conhecê-las muito melhor, mas tal como o filme, também o livro me dividiu. Se por um lado, foram vários os momentos em que achei a escrita de Fitzgerald muitíssimo inspirada, também foram muitos os momentos em que me aborreci e tive de me obrigar a continuar a ler. Outra das minhas dificuldades com este livro foi, tal como já tinha acontecido no filme, a minha não-identificação com nenhum dos personagens. Não consegui estabelecer nenhuma relação de empatia com nenhum deles que me fizesse realmente interessar-me pelos seus futuros. Apesar de tudo, foi talvez com a personagem de Gatsby que consegui estabelecer alguma afinidade por me solidarizar com a sua procura por um futuro melhor e pela desgraça em que cai.

Cada uma das personagens funciona quase como uma personagem-tipo. Em comum, todas elas vivem num estado de permanente insatisfação e na constante procura de algo que lhes preencha as suas vidas que, recheadas de luxo, são apesar de tudo, vazias. De todas elas, Carraway é o personagem mais maduro, mas que durante a acção funciona mais como um espectador das vidas dos outros, deambulando ao sabor das suas decisões. Gatsby, por sua vez, é o homem que cria o futuro com que sonhou baseado "na concepção platónica que tem de si mesmo", e que vive na ingenuidade de que o passado se pode repetir, e de que o amor é superior às convenções sociais.

Descrito como um romance trágico, O Grande Gatsby funciona acima de tudo como o testemunho de uma sociedade rica, fútil e decadente, descrevendo-a ao pormenor através de situações quotidianas, e deixando à capacidade crítica do leitor a análise desta época e destas pessoas. Foi esta perspectiva que mais gostei de ler no livro, esta amargura com que o autor descreve a vida e o ser humano. Em última análise, gostei da leitura deste livro e da perspectiva que me ofereceu, mas ficou aquém das minhas expectativas.

 

"(...) o sonho deve ter-lhe parecido tão próximo que só dificilmente poderia escapar ao seu abraço.

Não sabia que o sonho era já uma coisa do passado (...)"

 

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Neste Dia... 12 de Junho

Hoje assinala-se o nascimento de Anne Frank, a jovem escritora judia que deu a conhecer ao mundo um outro lado da II Guerra Mundial, através do diário que manteve nessa altura, e que se tornou numa das obras mais lidas de sempre. 

Nascida Annelies Marie Frank a 12 de Junho de 1929, em Frankfurt, na Alemanha, numa família judia liberal, composta pelos seus pais Otto e Edith Frank, e pela sua irmã mais velha Margot. Em 1933, depois da vitória do partido nazi nas eleições, a família mudou-se para Amesterdão, na Holanda. Em 1940, deu-se a invasão da Holanda pela Alemanha, e as duas irmãs viram-se obrigadas a passar a frequentar o Liceu Judeu. 

Em 1942, Otto oferece a Anne aquele que viria a ser o seu famoso diário, em que a jovem regista desde logo as alterações nas suas vidas. Em Julho desse ano, a família mudar-se-ia para o anexo secreto por cima dos escritórios de Otto, em que viriam a viver nos próximos anos, depois de Margot ser convocada ir para um campo de concentração. Alguns empregados ficariam responsáveis por garantir a segurança e as necessidades da família, à qual se juntaria uma outra família e ainda um amigo. 

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Anne era uma jovem com grande aptidão nas áreas da leitura e escrita, com uma personalidade extrovertida e faladora. Durante o tempo em que viveram no anexo, as duas irmãs continuariam a estudar e a realizar cursos por correspondência, e Anne continuaria a escrever avidamente no seu diário, descrevendo os seus companheiros de casa, as suas rotinas e as suas relações, bem como a forma como iam sobrevivendo e as notícias que recebiam do exterior. Aí viria a revelar o seu sonho de se tornar jornalista e uma autora publicada. A sua última entrada no diário dataria de 1 de Agosto de 1944, e na manhã de 4 de Agosto os habitantes do anexo secreto viriam a ser descobertos. 

A família Frank seria enviada para o tenebroso campo de concentração de Auschwitz, onde a mãe morreria à fome. As irmãs Frank seriam mais tarde recolocadas no campo de concentração de Bergen-Belsen, onde também morreriam, assume-se de tifo, Anne com 15 anos e Margot com 19. Apenas o pai, Otto, conseguiria sobreviver, e dedicar-se-ia a divulgar o diário da filha, o qual viria a ser publicado em 1950. Em 1957 surgiria a Fundação Anne Frank e em 1960 seria inaugurada a Casa de Anne Frank, onde a família viveu escondida durante a guerra, gerida pela anterior.

Se tivesse sobrevivido, Anne faria hoje 86 anos. O seu legado permanece, relembrando ao mundo o terror de que o ser humano é capaz de instilar, e o seu diário constitui um dos mais fiéis e conhecidos testemunhos do período da II Guerra Mundial. 

Descubram mais sobre a sua vida e sobre este período aqui.

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Livraria Chérie #6 – O Fantasma da Ópera

Foi ontem que (finalmente) terminei o livro que estava a ler – O Fantasma da Ópera – no frânces original Le Phantôme de l’Opéra. Esta obra de Gaston Leroux foi publicada pela primeira vez em 1909, sendo inspirado em factos históricos da Ópera de Paris.

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Leroux começa a narrativa com a frase “O fantasma da ópera existiu (...) Sim, existiu de carne e osso (...)”, o que cativa logo o leitor em primeira instância. A acção passa-se no século XIX, na Ópera de Paris (como o próprio título indica), que se encontra assombrada por um Fantasma, segundo as historietas dos empregados. Este vive de partidas que prega constantemente, e obtém o seu rendimento mensal da chantagem que efectua aos administradores da Ópera, que lhe pagam 20 mil francos mensais. A personagem terrível exige ainda que lhe reservem o camarote nº5 em todas as actuações.

Entretanto Christine Daaé, uma jovem bailarina, é guiada por um Anjo da Música, enviado do céu pelo seu falecido pai. Esta criatura mostra-lhe o poder da sua voz e todo o sucesso que pode alcançar com ela. Christine acaba por subir aos palcos como cantora, arrebatando e conquistando a audiência, onde se encontrava o seu amor de infância – o visconde Raoul de Chagny.

Mais tarde, Christine compreende que o Anjo não existe, e que este é sim personificado pelo Fantasma, o índividuo que aterroriza a Ópera. Erik, o Fantasma, encontra-se deformado na face, razão essa por que se esconde do mundo desde sempre. Quando Christine descobre a fealdade da criatura entra em choque e Erik decide prendê-la nos subterrâneos do monumental edifício. Christine vê-se então obrigada a escolher entre o amor de uma vida ao lado de Raoul de Chagny ou a protecção do mesmo. Esta promete então que voltará sempre para Erik por vontade própria. Mas o amor que sente por Raoul é mais forte e os dois planeiam fugir. No entanto, Erik apercebe-se do plano e na noite idealizada para a fuga, rapta Christine e leva-a para a sua morada nos confins da Ópera.

Raoul e o Persa (personagem que conhece tudo acerca de Erik) partem numa busca para salvar Christine, sobrevivendo às mais terríveis armadilhas e obstáculos. Entretanto, Daaé vê-se obrigada a casar com Erik ou morrer juntamente com “mais dos da raça humana”.

A escolha é óbvia, Christine escolhe casar com Erik. Porém, num rasgo de bondade este permite-lhe que fique para sempre com Raoul, desde que no momento da sua morte lhe venha colocar a aliança de ouro que lhe havia dado, no dedo. Christine concorda, e tanto ela como Raoul nunca mais são vistos. Porém, anos mais tarde é encontrado um esqueleto nos fundos da Ópera, com uma aliança dourada. Christine havia cumprido a sua promessa...

Esta obra-prima de Gaston Leroux é considerada de género gótico, romance, horror, ficção, mistério e tragédia. O horror deriva de todas as malvadezas que circulam na cabeça de Erik, e que este conduz à execução.

Não seria apenas uma alma incompreendida? Não teremos todos nós um pouco de Erik? No fundo o que mais almejamos na vida é ser amados por alguém, pois o amor que nutrem por nós não tem preço.

Recomendo vivamente a todos os que querem ler os grandes gigantes da literatura, pois esta obra deixa-nos a pensar no que seríamos capazes de fazer por amor, e talvez até a identificarmo-nos com Erik, que é supostamente o vilão que não nos deixa indiferentes.

Hoje em dia a história é mais que conhecida, e talvez um pouco ofuscada pelos musicais (é o mais visto de sempre!), filmes e todas as produções realizadas em torno da obra. Porém, eu acho que merece a classificação de:

 

Classificação: 8/10

Neste Dia... 16 de Maio

Charles Perrault foi um escritor francês nascido a 12 de Janeiro de 1628 em Paris, considerado um dos melhores do seu século. Foi um dos fundadores do estilo literário dos contos de fadas.

Estudou na área do Direito, e fez depois carreira no governo, tal como outros membros da sua família. Contribuiu para a criação da Academia das Ciências, e para a restauração da Academia de Pintura, e trabalhou posteriormente na Academia Francesa de Letras. Em 1671 foi eleito para a Academia Francesa, onde foi o líder da facção moderna durante o movimento Querelle des Anciens et des Modernes, um debate literário que opôs duas frentes, a clássica e a moderna, em que procurou provar a superioridade literária do seu século face à da Antiguidade.

Charles Perrault.jpg

Ao longo da sua vida foi publicando várias obras, mas foi com o livro Histoires ou Contes du Temps Passé (1697) que se tornou célebre até aos dias de hoje. Aqui se incluem histórias conhecidas mundialmente como A Bela Adormecida, O Capuchinho Vermelho, Barba Azul, O Gato das Botas, Cinderela, Polegarzinho, entre muitas outras. Cada uma delas termina com uma rima que contém a moral da história.

Existem várias teorias relativamente às suas histórias e ao seu processo criativo, mas de qualquer forma, é inegável o seu contributo para o mundo dos contos de fadas, e para o imaginário infantil. Mais do que estas áreas ainda para outras artes, seja teatro, pintura, cinema, música ou outras.

Charles Perrault viria a morrer precisamente a 16 de Maio, mas de 1703, há 312 anos, com 75 anos de idade.

Histoires ou Contes du Temps Passé edição origi

Neste Dia... 23 de Abril

Nascido há bem mais de 400 anos, em 1564, o escritor, actor, dramaturgo e poeta William Shakespeare continua a ser até hoje um dos nomes maiores na literatura, sendo até considerado o melhor escritor inglês de sempre.

Apesar da sua data de nascimento ser incerta, a maioria dos seus biógrafos aponta para o dia 23 de Abril, o mesmo dia em que viria a morrer 52 anos depois, em 1616, de causa desconhecida. A sua vida encontra-se envolvida em mistério, pois não se conhece muito da sua biografia, tendo alimentado especulação e boatos acerca da sua vida pessoal, e principalmente da autoria das obras por ele publicadas.

Sabe-se que nasceu na cidade de Stratford-upon-Avon, que teve 7 irmãos, que recebeu educação e que aos 18 anos se casou com Anne Hathaway, com quem teria três filhos. Anos depois, em 1592, seria já um dramaturgo conceituado, com várias das suas peças a ser apresentadas nos teatros ingleses, maioritariamente pela companhia Lord Chamberlain's Men, da qual Shakespeare fazia parte. Esta viria a mudar de nome para King's Men, depois de receber o patrocínio do recém coroado rei James I. Desta forma, tornou-se cada vez mais próspero, tendo recebido um brasão de armas e adquirido propriedades. 

William Shakespeare - Different Portraits.JPG

Em termos de obra, esta é constituída por quase 40 peças de teatro, em que se includem tragédias como Hamlet, Coriolanus, Macbeth, Othello, King Lear e The Tragedy of Romeo and Juliet; comédias como The Comedy of Errors, The Merchant of Venice, A Midsummer Night's Dream, Much Ado About Nothing, The Taming of the Shrew e Winter's Tale; e ainda peças baseadas em personagens históricos, como Henry IV, Henry VI ou Richard III, entre outras. Shakespeare foi ainda um prolífico poeta, com mais de 150 sonetos escritos. Por sua vez, as suas obras já foram adaptadas mais de 400 vezes no cinema e na televisão, sem mencionar no teatro. A nível biográfico, o filme mais conhecido feito sobre a sua vida é o vencedor do Óscar de Melhor Filme, Shakespeare in Love

 

Já leram alguma das suas obras? E já viram alguma das muitas adaptações feitas?

Neste Dia... 3 de Abril

Foi em 1862, há 153 anos, que foi publicada a 1ª edição do romance Os Miseráveis com o nome Les Misérables, do escritor francês Victor Hugo, e é considerado uma das melhores obras produzidas nesse século. A sua história decorre na França, durante século XIX, e aborda as vidas e interacções de várias personagens, em particular, do ex-condenado Jean Valjean. 

Já foi adaptado várias vezes, quer na literatura, com algumas sequelas e livros focados em determinadas personagens, quer na rádio, na televisão, na banda desenhada, no teatro, com uma versão musical estreada em 1980 em Paris, e ainda no cinema, sendo que a mais antiga remonta a  de 1897, ainda pelos irmãos Lumière, e de vários países, inclusive Japão, Egipto, Brasil, etc. A mais recente adaptação cinematográfica é de 2012, e adaptou o musical. Contou com actores como Hugh Jackman, Anne Hathaway ou Russell Crowe, entre outros, e foi nomeada a 8 Óscares.

Infelizmente, ainda não tive oportunidade nem de ver nenhuma adaptação, nem de ler o livro, mas estão definitivamente nas minhas listas. E vocês? Já leram ou livro ou viram algum dos filmes?

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Neste Dia... 6 de Março

Se fosse vivo, o escritor colombiano Gabriel José de la Concordia García Márquez faria hoje os 88 anos, tendo nascido no ano de 1927 e falecido no ano passado,  no dia 17 de Abril. Vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 1982 pelo conjunto da sua obra, é considerado um dos escritores mais importantes do século XX, tendo vendido mais de 40 milhões de livros e estando publicado em quase 40 línguas.

Na sua juventude estudou Direito e Ciências Políticas na Universidade da Colômbia, mas abandonou o curso antes de o terminar para se dedicar ao jornalismo, em 1948. Até 1957 foi trabalhando em vários jornais do seu país, e nesse ano começou a trabalhar também num jornal, mas na Venezuela e foi depois correspondente internacional na Europa. Regressou ao seu país no ano seguinte, e foi também quando se casou com Mercedes Barcha, de quem havia de ter dois filhos. Em 1961 mudaram-se para os EUA, onde esteve a trabalhar, e posteriormente para o México.

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Por esta altura, já García Márquez tinha publicado o seu primeiro livro, La Hojarasca, de 1955. Seguiram-se outros livros até que em 1967 publica aquele que viria a ser o seu romance mais conhecido de sempre e uma obra muitíssimo marcante para a literatura universal, Cem Anos de Solidão. Seguiram-se outras importantes obras como O Outono do Patriarca (1975), Crónica de uma Morte Anunciada (1981), Amor nos Tempos de Cólera (1985), O General no seu Labirinto (1989), e Memórias das minhas putas tristes (2004), o seu último livro. Além dos referidos publicou muitos outros, com diferentes estilos e temas.

 

Já leram algum livro seu? Gostaram? Pretendem ler mais da sua obra?

Aqui pelo La Vie en Chérie, uma de nós já leu o seu mais famoso romance. Podem ler a crítica aqui.