Foi através de um grande sururu na blogosfera que descobri que a Sic tinha abordado o tema da alimentação saudável numa Grande Reportagem, sob o nome "Somos o que comemos".
Apesar de já ter desenvolvido um projecto sobre este tema no secundário, e de ter tido uma cadeira de Nutrição na faculdade, o meu conhecimento é obviamente limitado e muito pequeno, comparativamente com o dos especialistas do assunto. Assim, ao longo da reportagem dei por mim a comparar o meu comportamento alimentar de quando era criança com os dos exemplos apresentados, bem como a analisar o meu de hoje.
Claramente que o tema da alimentação é o perfeito exemplo de que "é de pequenino que se torce o pepino". Na minha casa, os meus pais sempre me proporcionaram uma alimentação saudável, em que o prato de sopa nunca faltou, ou em sua substituição, uma salada, com produtos muitas vezes naturais graças aos meus avós, e com uma fruta obrigatória no fim de cada refeição, e não uma sobremesa. Tive também a sorte de ter a escola bem perto de casa, o que faz a diferença, pois sempre que almoçava fora, alinhava com os meus amigos numa sandes ou numa fatia de pizza. Tive durante muito tempo o hábito de beber refrigerantes, mas mais tarde decidi deixar de o fazer e hoje só bebo água, e só muito raramente bebo os ditos. Nunca tive grande apetite por doces, porque também nunca me foram incentivados em casa. Pastilhas decidi deixar de as comer este ano, porque não servem absolutamente para nada, e não me lembro da última vez que comi gomas. A fast-food não tem muito lugar na minha dieta, mas por vezes lá vou ao supermercado comprar uma pizza ou uma lasanha já preparadas, ou então uma ida ao McDonald's ou a outro restaurante semelhante.
Na reportagem, foi alarmante assistir à involução dos portugueses no que diz respeito aos hábitos alimentares saudáveis. A perda do hábito de comer sopa, o não beber água, o consumo de muitos alimentos salgados e açucarados, etc. É triste que nós portugueses, e falo por mim, não apreciemos o que de tão bom o nosso país tem para nos dar. Com um óptimo clima e terrenos agrícolas, não damos valor à fruta e vegetais cultivados na época própria, e no nosso país. Temos, ainda para mais, um excelente modelo de exemplos alimentares, a Roda dos Alimentos, que é uma forma gráfica simples e eficaz de nos ajudar a comer bem. E temos na nossa base a dieta mediterrânica, até reconhecida pela UNESCO, mas que devia era ser reconhecida por nós!
A Dieta mediterrânica foi reconhecida pela UNESCO como património cultural da humanidade, e pela OMS como um padrão alimentar de excelência, e baseia-se no consumo de produtos frescos de produção local, de acordo com a época do ano. Estes dão-nos os nutrientes de que mais precisamos para aquela época do ano.
Foi particularmente interessante que abordassem o facto de que ser-se magro não significa necessariamente estar saudável, e que não serve de desculpa para comermos tudo o que quisermos. Mais importante do que o peso, são os alimentos que consumimos, e o que estes fazem aos nossos órgãos, e os possíveis problemas que acarretarão no futuro. Daí a importância de começar a prestar mais atenção ao que comem as nossas crianças, pois é uma idade sensível e com grande impacto na formação do adulto de amanhã.
A Nutrição é vista como secundária. Não um fármaco, não é vista como tratamento. E é.
Explicaram, e bem, que a maioria das doenças não transmissíveis pode ser tratada através de uma alimentação diversificada e completa, com foco nas frutas e vegetais. E para melhor compreensão mostraram inclusive, que as vantagens dos varios alimentos podem ser agrupadas por cores, o que achei particularmente interessante.
Acho que a Sic fez um óptimo trabalho com esta reportagem, especialmente ao torná-la interactiva. Para quem, como eu, só ficou a saber dela depois de já ter sido transmitida, foi uma forma de poder vê-la, e de ter acesso a diversos conteúdos interessantes e que respondem às perguntas que o telespectador formula enquando está a ver. A título de exemplo, quando um dos pais falava de que não tinha acesso a informação, surgiu de imediato uma hiperligação com o título "Como obter informação".
Finalmente, que raio de governo temos nós em que, num país em que 61% das pessoas tem excesso de peso e 42% hipertensão, que são logo dois grandes factores para um enfarte ou um AVC, a principal causa de morte em Portugal, se demite da educação das nossas crianças e jovens ao diminuir a carga horária de Educação Física? Nunca ouviram falar de "Mente Sã em Corpo São"?
Que o Remédio seja o teu Alimento,
E que o Alimento seja o teu Remédio
Hipócrates