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La Vie en Chérie

Para os apaixonados por moda, cinema, livros e por uma vida doce e divertida

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Livraria Chérie #7 O Grande Gatsby

Depois de muitas idas e vindas, e de ter relido as  primeiras páginas de O Grande Gatsby uma vintena de vezes, sem que nunca tivesse passado daí, finalmente terminei a leitura daquele que é considerado um dos grandes clássicos da literatura do século XX. Foi publicado pela primeira vez em 1925, e foi escrito por F. Scott Fitzgerald, que dizia que "gostaria de ser um dos maiores escritores que já viveram!", e que tem neste livro aquela que é considerada  a sua obra-prima. 

A história de Jay Gatsby, o homem que viveu na ilusão de um sonho, é-nos contada na primeira pessoa por Nick Carraway, um jovem natural da região do Midwest, que se muda para Nova Iorque em 1922, e cuja casa que aluga o deixa lado a lado com a mansão de Gatsby, o misterioso milionário acerca de quem circulam inúmeros rumores, por parte daqueles que, todas as noites, se dirigem à sua moradia para mais uma das suas festas. É também nesta altura que Carraway reencontra a sua prima Daisy, entretanto casada com Tom Buchanan e que, por ironia do destino, se encontra irremediavelmente ligada a Gatsby. Esta teia de personagens e sentimentos levará a um desfecho impossível de abrandar, que alterará definitivamente a percepção que Carraway tem do mundo.

O Grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald.jpg

Ao longo das páginas de Gatsby, embarcamos numa viagem até à idade do jazz, os loucos anos 20, nos quais se viveu uma grande prosperidade pós-guerra, e que ficou para sempre associada ao excesso, ao glamour e à decadência. Além destes temas, Fitzgerald foca-se na importância dos estratos sociais da época, na resistência à mudança e na luta por um sonho que no final se esfuma, quando está prestes a ser alcançado. 

Tendo visto o filme de 2013 que adaptou o livro, já conhecia o destino das personagens e as suas personalidades. Obviamente que ao ler o livro pude conhecê-las muito melhor, mas tal como o filme, também o livro me dividiu. Se por um lado, foram vários os momentos em que achei a escrita de Fitzgerald muitíssimo inspirada, também foram muitos os momentos em que me aborreci e tive de me obrigar a continuar a ler. Outra das minhas dificuldades com este livro foi, tal como já tinha acontecido no filme, a minha não-identificação com nenhum dos personagens. Não consegui estabelecer nenhuma relação de empatia com nenhum deles que me fizesse realmente interessar-me pelos seus futuros. Apesar de tudo, foi talvez com a personagem de Gatsby que consegui estabelecer alguma afinidade por me solidarizar com a sua procura por um futuro melhor e pela desgraça em que cai.

Cada uma das personagens funciona quase como uma personagem-tipo. Em comum, todas elas vivem num estado de permanente insatisfação e na constante procura de algo que lhes preencha as suas vidas que, recheadas de luxo, são apesar de tudo, vazias. De todas elas, Carraway é o personagem mais maduro, mas que durante a acção funciona mais como um espectador das vidas dos outros, deambulando ao sabor das suas decisões. Gatsby, por sua vez, é o homem que cria o futuro com que sonhou baseado "na concepção platónica que tem de si mesmo", e que vive na ingenuidade de que o passado se pode repetir, e de que o amor é superior às convenções sociais.

Descrito como um romance trágico, O Grande Gatsby funciona acima de tudo como o testemunho de uma sociedade rica, fútil e decadente, descrevendo-a ao pormenor através de situações quotidianas, e deixando à capacidade crítica do leitor a análise desta época e destas pessoas. Foi esta perspectiva que mais gostei de ler no livro, esta amargura com que o autor descreve a vida e o ser humano. Em última análise, gostei da leitura deste livro e da perspectiva que me ofereceu, mas ficou aquém das minhas expectativas.

 

"(...) o sonho deve ter-lhe parecido tão próximo que só dificilmente poderia escapar ao seu abraço.

Não sabia que o sonho era já uma coisa do passado (...)"

 

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