Chérie, hoje apetecia-me ver... "Enemy"
Em 2002, o livro O Homem Duplicado do nosso Nobel da Literatura, José Saramago, foi publicado, e tornou-se em 2013 a quarta obra do autor a ser adaptada ao cinema, após A Jangada de Pedra (2002), Ensaio sobre a Cegueira (2008) e Embargo (2010), sob o misterioso título Enemy.
Enemy é um filme canadiano realizado por Dennis Villeneuve e que conta a história de Adam Bell (Jake Gyllenhaal), um professor de História numa faculdade e que, ao ver um certo filme, se apercebe que um dos actores, cujo nome vem a descobrir é Anthony St. Claire, é extremamente parecido com ele, para não dizer igual. Intrigado e entusiasmado, ele decide procurá-lo a todo o custo, e o seu sósia, após uma certa recusa, aquisce encontrar-se com ele. Esse encontro representará para ambos uma mudança drástica nas suas vidas, com impacto inclusive nas vidas de outros, a saber a namorada de Adam, Mary (Mélanie Laurent), e a esposa grávida de Anthony, Helen (Sarah Gadon).
O Homem Duplicado (gosto mais da nossa versão do título, igual à do livro, embora Enemy também tenha o seu quê), é um filme extremamente diferente do habitual, com simbolismo e metáforas a cada esquina, ou melhor dizendo, minuto. Mas é um óptimo filme. Se estiverem dispostos a sair da vossa zona de conforto cinematográfica, e a deixarem-se envolver na teia intricada de mistério deste filme, além de serem imensamente surpreendidos pela sua história e diversos momentos surreais, embarcarão numa viagem de 90 minutos à mente humana, ao "eu", ao subconsciente, à identidade, aos medos e ao nosso (des)controle sobre eles e sobre nós próprios.
Adam e Anthony, ou Como o Jake Gyllenhaal é um Óptimo Actor
Aviso-vos, porém, que não é um filme fácil de ver. Exige imensa atenção, dedicação e vontade de ver e compreender o filme. Tem um desenvolvimento muito interessante e o desfecho é de deixar os espectadores de boca aberta (a murmurar wtf??!!), além de ser bastante assustador.
(acreditem, o filme vai deixar-vos assim!)
Uma das coisas que me cativou mais no seu decorrer foi a fotografia: planos opacos, com neblina, focos de luz amarelada no fundo negro, deixando as personagens tanto na escuridão como na luz, dando uma tonalidade sépia ao filme e criando um atmosfera opressiva e densa. Tal como filme. De realçar ainda a banda sonora, que muito melhora o filme e lhe dá um tom ainda mais misterioso.
Em suma, um filme que passa facilmente despercebido por não se tratar de um filme de Hollywood, mas que é altamente recomendável.
Classificação: 8/10
P.S. Se tiverem medo, pavor, terror de aranhas, em suma se sofrerem de aracnofobia não vos recomendo que vejam este filme. Quem vos avisa, vossa amiga é!