Devo, antes de mais, confessar que li este livro totalmente desprovida de conhecimento face à sua narrativa. Nunca vi o filme, não conhecia a história, sabia apenas que se tratava de um romance, o que a início não se revelou um facto muito apelativo para mim. Este estilo literário não faz de todo as minhas delícias. No entanto, estaria para chegar o livro que mudaria essa minha vincada opinião – Orgulho e Preconceito.
Escrito por Jane Austen e publicado pela primeira vez em 1813, este romance britânico procura dar a conhecer a história de Elizabeth Bennet e de toda o seu ambiente social e cultural. Temas como a educação, o casamento, a cultura, a moral, o orgulho e a classe social tornam-se recorrentes e representativos da aristocracia britânica do século XIX.
Nas primeiras páginas é-nos apresentada a família Bennet, sendo o patriarca um homem distante e com pouco poder económico. Por sua vez, a Srª. Bennet revela-se desde logo uma mulher superficial, tola e desinteressante, cujo objectivo e expoente máximo de felicidade é “ver todas as suas filhas bem casadas”. As referidas filhas são Jane (a mais velha), Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia (a mais nova), que vivem com os pais na cidade de Meryton, em Hertforshire.
No início desde romance, de modo a corresponder aos desejos da Srª. Bennet, chega à cidade um jovem cavalheiro que aluga uma propriedade (Netherfield). De seu nome Charles Bingley, é rapidamente cobiçado e bem recebido por toda a comunidade. Porém, Mr. Bingley não vem só, fazendo-se acompanhar pela sua irmã e um amigo – Mr. Fitzwilliam Darcy. Este último, de ar sorumbático e algo orgulhoso é desde logo desdenhado pela comunidade, pela qual o próprio acalenta o mesmo sentimento. Entretanto, Jane e Bingley começam a relacionar-se, no entanto, a felicidade não é duradoura, e por meio de artifícios maldosos de outros, acabam por se separar, acreditando que a paixão morreu.
Entre Elizabeth e Mr. Darcy surge igualmente uma relação, mas de despique, caracterizada pela indiferença dele e vivacidade dela, diferente de todas as outras do seu meio. Com a partida de Darcy, Elizabeth inicia uma relação de amizade com Mr. Wickham, um oficial que ajuda a alimentar as divergências entre Elizabeth e Darcy.
Não quero de todo estragar o prazer daqueles que tenham intenção de ler o livro, portanto, em matéria de sinopse acho que vou ficar por aqui. A história não requer muita perspicácia da parte do leitor, pois torna-se bastante previsível qual o seu desfecho, desde os capítulos mais iniciais. No entanto, apesar de o factor surpresa estar condicionado, a narrativa é excelente e acompanhada por uma escrita irrepreensível.
Quanto às personagens estão fantásticamente criadas, evoluindo todas ao longo do livro, sendo que não existem personagens desnecessárias ao curso da história.
Numa sociedade não muito diferente da actual, valores como a educação, a cultura, a classe social, o matrimónio e os ideais são constantemente colocados em questão. Jane Austen, procura, em jeito de crítica, deixar o leitor inferir acerca do orgulho e do preconceito vivido nesta época. Será que estes sentimentos se extinguiram no tempo, ou continuarão afincados na sociedade contemporânea?
A minha classificação não atinge a cotação máxima, apenas pela questão do factor surpresa. Crucifiquem-me mas sou uma leitora que gosta de ser compreendida e aqui, apesar de ser uma excelente obra, o desfecho revela-se previsível mesmo que não nos seja permitido antever o rumo que a história vai tomar até lá.
Classificação: