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La Vie en Chérie

Para os apaixonados por moda, cinema, livros e por uma vida doce e divertida

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Livraria Chérie #21 - Sonetos

O meu fascínio por poesia já não é novo mas, apenas recentemente me dediquei a explorar este campo. Não é necessário ir muito longe, em Portugal temos excelentes poetas e alguns no feminino, como é o caso de Florbela Espanca. 

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Optei por ler uma colectânea, onde se encontram todos os livros por ela escritos, quer tenham sido publicados em vida ou de publicação póstuma, sendo que a edição que tenho tem um prefácio e ao longo do texto tem anotações de Noémia Jorge, que ajudam a compreender melhor a visão do sujeito poético, o que penso ser bastante útil. 

Ao longo de Livro de Mágoas, Livro de Sóror Saudade, Charneca em Flor e Reliquiae, os livros contidos na compilação, conseguimos compreender nitidamente o sofrimento vivido pela escritora ao longo dos seus trinta e seis anos. A poesia de Florbela é clara e recorre a uma linguagem acessível, o que facilita bastante a leitura da sua obra. Quanto à temática, predomina o amor, sendo na sua maioria das vezes referido e subentendido como algo doloroso e triste. Por outro lado, também a morte, a solidão e a ausência de reconhecimento são temas recorrentes, uma vez que o sujeito poético se sente bastante marginalizado, à parte da sociedade da época. 

O sofrimento vivido pela poetisa encontra-se bastante marcado na sua obra, o que, na minha opinião, a torna pessoal, aproximando-a do leitor. Gostei bastante, sendo que o meu livro preferido da colectânea é o Livro das Mágoas, onde se nota outra energia na escrita e nos temas. Em Charneca em Flor, penso que o tema mais recorrente deixa de ser o amor, tornando a obra um pouco mais sombria e talvez isso me tenha levado a gostar menos. 

Trata-se de uma colectânea pequena, para ler e reler ao longo da vida. 

 

Classificação

Livraria chérie #9 - O Corvo

Na semana passada, antes de começar o livro que se encontra na “Estante Chérie”, li um de menores dimensões. Trata-se de “O Corvo” de Edgar Allan Poe, pela tradução de Fernando Pessoa.

 

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The Raven, como foi denominado na versão original, foi publicado pela primeira vez em 1845 no New York Evening Mirror. É uma das obras representativas do legado de Poe, quer pela musicalidade que apresenta, quer pelo obscurantisco sobrenatural e simultaneamente romântico que apresenta.

No início do poema, encontramos um homem de hábitos nocturnos, numa atmosfera de medo e mistério, que ouve batidas na porta. É, então, aqui que dá início o jogo mental entre esse homem e aquilo que o espera do outro lado. Será alguma criatura sobrenatural?

Não está ninguém à porta. Atormentado, o homem volta à sua posição inicial, recordando melancólica e tristemente a saudade que sente pela sua falecida amada Lenora. Porém, o homem não consegue sossego, as batidas voltam irrepreensíveis, desta vez disferidas na janela. Inicialmente atribui o barulho ao vento, mas rapidamente, abre as janelas, entrando um visitante inesperado. Este visitante é o corvo, que se instala no busto da deusa Atenas.

O homem tenta conversar com o corvo e, é espantado que descobre que o mesmo fala, quando a ave grasna “nunca mais” a todas as perguntas do anfitrião. Esta repetição continua por todo o poema, predispondo o homem a um estado de angústia enorme.

 “Nunca mais” haverá alívio na dor pela perda de Lenora. “Nunca mais” haverá alívio do sofrimento sentido”

 

O desespero no eu poético é grande, e este acaba por perceber, através das palavras proferidas pelo corvo, que “nunca mais” é, no fundo, a sentença ditada para o seu sofrimento, acabando ele por proferir as mesmas palavras, no final da obra.

O corvo, protagonista principal desta obra, pretende representar a morte, o prenúncio fatal, a perda irreparável, o inevitável fim. Porém, no fim, este repousa sobre o busto de Atenas, a deusa da sabedoria, simbolizando a perda eterna que se apoderou da alma do indivíduo.

A métrica agradável e a musicalidade ideal conferem a este poema aquilo que lhe falta em romantismo, sendo principalmente dominado pelas trevas e obscurantismo associado à perda de alguém querido.

 

Classificação: 

Neste Dia... 10 de Junho

Hoje damos os parabéns a um país com quase 900 anos de história (872, para ser mais exacta), o país mais ocidental da Europa, o país à beira mar plantado, a este país ao qual chamamos nação, pátria, casa, lar, o nosso cantinho no mundo.

Hoje quem faz anos é Portugal!

Damos também os parabéns a todos os portugueses, seja os de hoje, que construirão o Portugal de amanhã, seja os de ontem, que nos deixaram este legado. Porque Portugal é muito mais do que um país. Portugal são os portugueses, somos nós. E por isso, este 10 de Junho é não só um dia de alegria, mas um dia de reflexão sobre quem somos, como está o nosso país, e o que podemos melhorar no amanhã.

Feliz Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas!

 

Portugal

Avivo no teu rosto o rosto que me deste,
E torno mais real o rosto que te dou.
Mostro aos olhos que não te desfigura
Quem te desfigurou.
Criatura da tua criatura,
Serás sempre o que sou.
 
parte do poema "Portugal" de Miguel Torga, in Diário X

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Neste dia... 21 de Março

Celebra-se hoje o Dia Mundial da Poesia, e portanto a melhor forma de comemorar é publicando um dos meus poemas. Espero que gostem. 

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Durante um momento

Ele subiu-lhe o vestido

Em busca do sentimento

Num movimento repetido.

 

Sentiu a sua mão,

Encorajou-o a prosseguir.

Com tremenda excitação

Deixaram o momento evoluir

 

Ele estava ofegante,

Ela sem respiração,

Era algo possante

O que lhes ia no coração.