Livraria chérie #9 - O Corvo
Na semana passada, antes de começar o livro que se encontra na “Estante Chérie”, li um de menores dimensões. Trata-se de “O Corvo” de Edgar Allan Poe, pela tradução de Fernando Pessoa.
The Raven, como foi denominado na versão original, foi publicado pela primeira vez em 1845 no New York Evening Mirror. É uma das obras representativas do legado de Poe, quer pela musicalidade que apresenta, quer pelo obscurantisco sobrenatural e simultaneamente romântico que apresenta.
No início do poema, encontramos um homem de hábitos nocturnos, numa atmosfera de medo e mistério, que ouve batidas na porta. É, então, aqui que dá início o jogo mental entre esse homem e aquilo que o espera do outro lado. Será alguma criatura sobrenatural?
Não está ninguém à porta. Atormentado, o homem volta à sua posição inicial, recordando melancólica e tristemente a saudade que sente pela sua falecida amada Lenora. Porém, o homem não consegue sossego, as batidas voltam irrepreensíveis, desta vez disferidas na janela. Inicialmente atribui o barulho ao vento, mas rapidamente, abre as janelas, entrando um visitante inesperado. Este visitante é o corvo, que se instala no busto da deusa Atenas.
O homem tenta conversar com o corvo e, é espantado que descobre que o mesmo fala, quando a ave grasna “nunca mais” a todas as perguntas do anfitrião. Esta repetição continua por todo o poema, predispondo o homem a um estado de angústia enorme.
“Nunca mais” haverá alívio na dor pela perda de Lenora. “Nunca mais” haverá alívio do sofrimento sentido”
O desespero no eu poético é grande, e este acaba por perceber, através das palavras proferidas pelo corvo, que “nunca mais” é, no fundo, a sentença ditada para o seu sofrimento, acabando ele por proferir as mesmas palavras, no final da obra.
O corvo, protagonista principal desta obra, pretende representar a morte, o prenúncio fatal, a perda irreparável, o inevitável fim. Porém, no fim, este repousa sobre o busto de Atenas, a deusa da sabedoria, simbolizando a perda eterna que se apoderou da alma do indivíduo.
A métrica agradável e a musicalidade ideal conferem a este poema aquilo que lhe falta em romantismo, sendo principalmente dominado pelas trevas e obscurantismo associado à perda de alguém querido.
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