Chérie, hoje apetecia-me ver... Gone Baby Gone
Penso que já falei aqui no blog de algo que muitas vezes me acontece com filmes que quero muito ver: antes de estrearem fico com imensa expectativa para os ver, mas acabo por adiar a sua visualização indefinidamente. Isso aconteceu-me com o filme de que vos venho falar hoje, Gone Baby Gone.
Estreado em 2007 (sim, já estou desde essa altura para o ver!), recebeu o nome Vista pela Última Vez em Portugal, e conta a história de uma menina que desaparece do seu quarto inexplicavelmente. Quando estreou em Portugal, em 2008, o país ainda tinha bem viva a memória do desaparecimento de Madeleine McCann. Ao lermos a sinopse do filme, cuja criança desaparecida tinha uma idade e aparência semelhantes à de Madeleine, é quase impossível não relacionarmos o filme com a vida real. Mas trata-se apenas de uma daquelas coincidências irónicas do destino, uma vez que o filme é baseado num livro com o mesmo nome, de 1998, escrito por Dennis Lehane (autor de outras obras também já adaptadas ao cinema, como Mystic River ou Shutter Island).
Ben Affleck estreia-se na realização com este filme, em que o seu irmão, Casey Affleck, interpreta o protagonista, Patrick Kenzie. Juntamente com a sua companheira, Angie Gennaro (Michelle Monaghan), constituem uma equipa de investigadores privados, que é contratada por Beactrice McCready (Amy Madigan) para encontrar a sua sobrinha desaparecida, Amanda McCready. Patrick e Angie juntam-se aos polícias responsáveis pelo caso para tentar encontrar a menina, envolvendo-se numa teia de suspeitos misteriosa, e em que nada é o que parece. À medida que as horas passam, e as probabilidades de encontrar Amanda diminuem vertiginosamente, será ainda haverá esperança de solucionar o caso?
Considerado um dos melhores filmes do ano, foi nomeado ao Óscar de Melhor Actriz Secundária para Amy Ryan, que interpretou a perturbadora mãe de Amanda. No seu elenco entram ainda outros actores de renome como Morgan Freeman ou Ed Harris, que interpretam a força policial envolvida no caso.
Geralmente gosto muito de filmes com esta temática, pois penso que o mistério que envolve o súbito desaparecimento de uma pessoa deve ser altamente angustiante para os que lhe são próximos, e também porque existem inúmeras razões que levam a que uma pessoa desapareça. Este assunto também dá pano para mangas em termos da psicologia humana, e este filme não é excepção. Especialmente na parte final, é impossível não fazermos questões que lidam com os nossos valores do que é melhor para um ser humano, do que é, afinal, a família, e até onde deve ir a nossa capacidade de interferirmos (e escolhermos) o futuro de terceiros. A verdade é que no final é inevitável que o espectador se divida entre as diferentes perspectivas de vida de Patrick e Angie, e que tal como eles, assuma uma posição.
Trata-se de um filme bastante bem feito, e do qual gostei bastante, porque me cativou desde o início, e apresenta uma perspectiva diferente de outros filmes com este tema. O final é surpreendente e, como já disse antes, polarizador. Contudo penso que até à recta final faltou algo ao filme. Não sei se foi por não ter me ter relacionado muito com os personagens, especialmente com o protagonista, ou pela forma como a história foi conduzida até esse ponto, mas a verdade é que esperava um pouco mais. O último terço do filme compensou, sem dúvida, sendo que o filme apresenta várias reviravoltas e vários suspeitos. De qualquer forma, recomendo este filme a todos os que gostem do tema, ou que estejam à procura de um filme que vos faça questionar os vossos valores.
Classificação: 7/10